São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Decisão do Fed leva Bovespa de volta aos 60 mil pontos

Com corte no juro, Bolsa avança 1,28%; Dow Jones chega a subir 1,6%, mas fecha em baixa

Apesar de melhora, Bolsa brasileira ainda contabiliza perdas de 5,63% no ano; cenário de incertezas ainda deve continuar no mercado

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro respirou com a nova redução na taxa básica de juros americana. Antes de o BC dos EUA anunciar o corte nos juros, as Bolsas operavam em queda em resposta à decepção com o pífio crescimento da economia americana no último trimestre de 2007. Para a Bovespa, que subiu 1,28%, o pregão de ontem representou a retomada do patamar dos 60 mil pontos, que não atingia desde o último dia 14.
Em Wall Street, o índice Dow Jones operava com baixa em torno de 0,25% quando o Fomc (comitê do BC americano que define os juros) anunciou a redução de 3,5% para 3% nos juros do país, no fim da tarde de ontem. Logo após a decisão, o Dow Jones, que reúne as 30 ações americanas de maior liquidez, passou a subir e alcançou na máxima ganhos de 1,6%. Todavia, no fim do pregão, a Bolsa de Nova York reverteu o rumo e fechou em queda de 0,30% (leia texto ao lado)
Na Europa, as Bolsas já haviam encerrado suas operações quando houve o anúncio do Fomc. A Bolsa de Londres teve recuo de 0,81% ontem; a de Frankfurt perdeu 0,26%.
Em Tóquio, o índice Nikkei teve baixa de 0,99%.
Ontem o banco suíço UBS apresentou novas estimativas de perdas decorrentes da crise do "subprime", que podem alcançar os US$ 11,4 bilhões no 4º trimestre -isso colaborou para esfriar os negócios na região. Outra instituição financeira européia que desagradou foi o francês BNP Paribas, que divulgou projeção menor para seu lucro devido à crise.
Apesar da resposta positiva do mercado à decisão do Fed, a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli, alerta para os períodos difíceis que os investidores ainda enfrentarão no médio prazo. "O pacote do governo Bush e os cortes de juros realizados pelo Fed ajudam a fazer com que a crise não continue se estendendo. Mas o primeiro semestre deve reservar ainda muita turbulência, com resultados e dados econômicos preocupantes", diz Ansanelli.
As incertezas em relação ao futuro da maior economia do mundo e o temor de um período de recessão têm afetado o desempenho das Bolsas neste começo de 2008. Nos principais mercados acionários do planeta, o que se vê ainda são perdas acumuladas no ano.
A Bovespa registra desvalorização de 5,63% neste primeiro mês de 2008. Se a aversão dos investidores internacionais ao risco diminuir, a Bolsa brasileira pode tentar retomar seus picos históricos -no começo de dezembro, a Bovespa superou os 65 mil pontos. Ontem a Bolsa fechou na máxima, aos 60.289 pontos. A pontuação representa o valor de mercado das empresas e oscila com o sobe-e-desce das ações.
"Ninguém sabe ao certo a dimensão dessa crise. Além dos cortes nos juros, o Fed deixou claro que, se for preciso, voltará a agir", diz Ansanelli.
Ao cortar os juros, o BC americano cria chances de elevar o consumo e estimular a economia, o que é positivo para o desempenho das empresas e suas ações na Bolsa.
De sua parte, o governo de George W. Bush elaborou um pacote bilionário para auxiliar os cidadãos americanos.
No segundo semestre do ano passado, o setor de crédito imobiliário americano de alto risco (o "subprime") passou a enfrentar dificuldades. Esse problema inicialmente localizado se espalhou, afetando primeiro o resultado de grandes bancos e depois contaminando a economia como um todo.
Para a Bolsa de Valores de São Paulo, o cenário de incertezas se reverteu em venda maciça de ações pelos estrangeiros. Dados computados até o dia 23 mostraram que os estrangeiros mais venderam que compraram ações no montante de R$ 5,086 bilhões.
Em comparação aos dias difíceis da Bolsa, o câmbio tem se comportado de forma mais tranqüila. Ontem o dólar registrou queda de 0,06%, para ser vendido a R$ 1,781. No ano, tem leve alta de 0,23%.


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