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ENERGIA E REGISTRO DE PATENTES
Industrialização tardia retardou a inventividade
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas 32 anos separam o
reconhecimento da primeira
patente americana, em 1790,
referente a um processo para a
fabricação de sabão e vidro, da
primeira invenção oficial brasileira, em 1822, de uma máquina
capaz de "descascar café sem
quebrar o grão".
No entanto, devido a trajetórias completamente distintas
entre os dois países no que se
refere à propriedade intelectual e ao modelo de desenvolvimento, a distância entre os dois
países cresceu com o tempo.
No Brasil, o número de pedidos de patentes por mil habitantes é hoje infinitamente inferior àquele registrado nos Estados Unidos da década de 50
-quando as estatísticas começaram a ser feitas.
"As empresas americanas
surgiram com uma tradição de
inovação que herdaram da Inglaterra", disse à Folha Jorge
Ávila, presidente do Inpi (Instituto Nacional da Propriedade
Industrial).
"Quando a indústria americana já tinha um volume significativo de patentes, o Brasil estava libertando os escravos, sua
economia era pré-capitalista e
baseava-se em mão de obra escrava", afirmou.
Segundo Ávila, no Brasil, como em toda a periferia industrial, o esforço de invenção foi
deixado de lado em razão da
aprendizagem da capacitação
desenvolvida lá fora. Isso explica a aposta brasileira nas políticas industriais baseadas na
substituição das importações.
"Existem diferenças culturais e existem modelos distintos de desenvolvimento", diz
Ávila. "A industrialização brasileira começou tardiamente e
foi se fortalecendo ao longo do
tempo. Esse processo deu tão
certo que a indústria brasileira,
apesar de seu atraso inicial, dá
sinais de dar um salto significativo no campo das patentes."
Energia
Segundo o estudo da Bain &
Company, o uso de energia per
capita no Brasil equivale ao dos
Estados Unidos da década de
40. Segundo Maurício Tomalsquim, presidente da Empresa
de Pesquisa Energética, esse
dado reflete um consumo baixo
em razão da baixa renda dos
brasileiros.
O consumo per capita de
energia elétrica no Brasil é hoje
equiparável ao da Jamaica ou
do Uruguai, e inferior ao do
Chile e da Argentina.
Segundo ele, a consolidação
do mercado interno brasileiro,
com a transformação de enormes contingentes em consumidores, irá necessariamente elevar o consumo de energia no
país. "Mas não precisará ser na
mesma proporção verificada
nos EUA, nação com uma sociedade energívora por natureza." Segundo Tomalsquim, enquanto 47% de nossa matriz
energética é renovável, a média
mundial é de apenas 14%.
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