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CONSUMO
Faturamento do comércio de SP sobe 5,5% em fevereiro sobre 2003; pesquisa aponta maior descontrole de gastos
Vendas melhoram, mas cresce risco de calote
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os reajustes de preços em certos
segmentos do comércio e a política de promoções permanentes
nas lojas salvaram os resultados
do varejo em fevereiro em São
Paulo. Na tentativa urgente de elevar o capital de giro, as liquidações turbinaram a receita. O faturamento real do setor cresceu
5,53% no mês passado sobre igual
período do ano anterior.
O que os comerciantes começam a perceber, no entanto, é que
essa boa safra de resultados em
várias áreas (roupas e eletrodomésticos, por exemplo) pode
pressionar o índice de inadimplência ainda neste semestre.
Um levantamento divulgado
ontem mostra que as pessoas já
admitem descontrole nos gastos
com as últimas compras.
Segundo pesquisa divulgada
pela Fecomercio SP (Federação
do Comércio do Estado de São
Paulo), além dessa elevação na receita das lojas em fevereiro de
2004 contra fevereiro de 2003, foi
verificada uma alta (1,38%) em relação a janeiro deste ano.
O varejo de eletrodomésticos e
de roupas teve os melhores resultados, apoiados na estratégia das
lojas de criar novos planos de pagamento parcelado a juros mais
baixos. A taxa chegou a 1% ao mês
em redes de grande porte.
Como conseqüência, no mês
passado o comércio de linha
branca (geladeira e freezer) cresceu 13% sobre fevereiro de 2003.
Em relação a janeiro deste ano,
houve queda (1,5%). Porém a retração é uma das mais tímidas entre os segmentos do varejo analisados na pesquisa. Foram levantados dados de 430 lojas na região
metropolitana de São Paulo.
Queima de estoque
Na esteira das promoções diárias, os supermercados de São
Paulo registraram alta no faturamento em fevereiro na comparação com o desempenho de 2003.
O mesmo ocorreu com o setor de
vestuário, que ainda mantém nas
ruas as queimas de estoques de
roupas de verão.
Economistas da área de varejo
ressaltam que os bons números
não são reflexo só de liquidações
prolongadas: reajuste de preços
ajudaram a elevar o faturamento
em determinadas atividades.
Dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas)
mostram forte remarcação de
preços na linha de eletrodomésticos e de móveis. Geladeiras, freezer, máquina de lavar e de secar
roupa, fogão tiveram alta de até
1,53% em fevereiro. A inflação
(IPC/Fipe) foi de 0,19% no mês.
Fábio Pina, economista da Fecomercio SP, afirma que, "além
desse efeito da alta do preço para a
expansão do faturamento neste
ano, o que pode explicar o resultado é a base de comparação fraca".
Ou seja: como o desempenho do
varejo em fevereiro de 2003 foi tímido, ao se compararem as vendas com o desempenho de 2004, é
natural que ocorra uma elevação.
No vermelho
Além dos dados da Fecomercio
SP, a ACSP (Associação Comercial de São Paulo) divulgou pesquisa mostrando que aumentou o
número de pessoas que afirmam
estar endividadas porque compraram além da conta.
Levantamento com 554 consumidores paulistanos informa que
16% das pessoas que informam
estar inadimplentes estão nessa
situação porque não souberam
calcular os seus gastos. O descontrole ocorreu nos últimos meses.
Os dados foram coletados ao longo deste mês.
Em setembro de 2003, data da
última pesquisa, 9% dos inadimplentes afirmaram o mesmo.
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