São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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CONSUMO

Faturamento do comércio de SP sobe 5,5% em fevereiro sobre 2003; pesquisa aponta maior descontrole de gastos

Vendas melhoram, mas cresce risco de calote

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os reajustes de preços em certos segmentos do comércio e a política de promoções permanentes nas lojas salvaram os resultados do varejo em fevereiro em São Paulo. Na tentativa urgente de elevar o capital de giro, as liquidações turbinaram a receita. O faturamento real do setor cresceu 5,53% no mês passado sobre igual período do ano anterior.
O que os comerciantes começam a perceber, no entanto, é que essa boa safra de resultados em várias áreas (roupas e eletrodomésticos, por exemplo) pode pressionar o índice de inadimplência ainda neste semestre.
Um levantamento divulgado ontem mostra que as pessoas já admitem descontrole nos gastos com as últimas compras.
Segundo pesquisa divulgada pela Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), além dessa elevação na receita das lojas em fevereiro de 2004 contra fevereiro de 2003, foi verificada uma alta (1,38%) em relação a janeiro deste ano.
O varejo de eletrodomésticos e de roupas teve os melhores resultados, apoiados na estratégia das lojas de criar novos planos de pagamento parcelado a juros mais baixos. A taxa chegou a 1% ao mês em redes de grande porte.
Como conseqüência, no mês passado o comércio de linha branca (geladeira e freezer) cresceu 13% sobre fevereiro de 2003. Em relação a janeiro deste ano, houve queda (1,5%). Porém a retração é uma das mais tímidas entre os segmentos do varejo analisados na pesquisa. Foram levantados dados de 430 lojas na região metropolitana de São Paulo.

Queima de estoque
Na esteira das promoções diárias, os supermercados de São Paulo registraram alta no faturamento em fevereiro na comparação com o desempenho de 2003. O mesmo ocorreu com o setor de vestuário, que ainda mantém nas ruas as queimas de estoques de roupas de verão.
Economistas da área de varejo ressaltam que os bons números não são reflexo só de liquidações prolongadas: reajuste de preços ajudaram a elevar o faturamento em determinadas atividades.
Dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostram forte remarcação de preços na linha de eletrodomésticos e de móveis. Geladeiras, freezer, máquina de lavar e de secar roupa, fogão tiveram alta de até 1,53% em fevereiro. A inflação (IPC/Fipe) foi de 0,19% no mês.
Fábio Pina, economista da Fecomercio SP, afirma que, "além desse efeito da alta do preço para a expansão do faturamento neste ano, o que pode explicar o resultado é a base de comparação fraca". Ou seja: como o desempenho do varejo em fevereiro de 2003 foi tímido, ao se compararem as vendas com o desempenho de 2004, é natural que ocorra uma elevação.

No vermelho
Além dos dados da Fecomercio SP, a ACSP (Associação Comercial de São Paulo) divulgou pesquisa mostrando que aumentou o número de pessoas que afirmam estar endividadas porque compraram além da conta.
Levantamento com 554 consumidores paulistanos informa que 16% das pessoas que informam estar inadimplentes estão nessa situação porque não souberam calcular os seus gastos. O descontrole ocorreu nos últimos meses. Os dados foram coletados ao longo deste mês.
Em setembro de 2003, data da última pesquisa, 9% dos inadimplentes afirmaram o mesmo.


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