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TROCA DE COMANDO
Ministro quer sinalizar moderação ao mercado hoje no CMN
Mantega deve aprovar uma redução menor da TJLP
Lula Marques/Folha Imagem
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Guido Mantega (dir.) cumprimenta Maria Fernanda Ramos Coelho, nova presidente da Caixa |
GUSTAVO PATU
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua primeira reunião presidida pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), o Conselho Monetário Nacional terá a preocupação
de demonstrar austeridade na definição da TJLP (Taxa de Juros de
Longo Prazo) que vigorará no segundo trimestre do ano.
Segundo a Folha apurou, avalia-se na cúpula econômica do governo que há condições técnicas
para justificar uma redução da
TJLP de 9% para 8% ao ano. Essa
possibilidade, porém, estará sujeita a uma ponderação das possíveis reações do mercado: se houver risco de a medida ser interpretada como um afrouxamento da
política monetária, a queda pode
ser menor -de 0,75 ponto.
Foi essa a redução aprovada em
dezembro pelo CMN, após 21 meses em que a TJLP ficou estacionada em 9,75% -a taxa é fixada trimestralmente pelo conselho, formado pelo presidente do Banco
Central e os ministros da Fazenda
e do Planejamento.
Está descartada a idéia de reduzir a TJLP dos atuais 9% para 7%
anuais, como Mantega defendia
até a semana passada, na condição de presidente do BNDES -a
taxa é usada, basicamente, nos financiamentos concedidos pelo
banco ao setor produtivo.
A definição da TJLP está sendo
encarada pelos analistas do mercado financeiro como uma espécie de primeiro teste das intenções
de Mantega. Notório crítico da ortodoxia personificada por seu antecessor, Antonio Palocci, ele assumiu com a promessa de não alterar a política econômica.
Ontem, Mantega foi cauteloso
ao tratar da decisão, mas indicou
que seu voto não está comprometido com seu pleito anterior. "Não
posso adiantar os votos do CMN.
Agora estou numa outra posição.
Antes, era presidente do BNDES e
cuidava de determinadas coisas.
Agora, cuido de outras questões."
Pela disposição dos três membros do conselho, a TJLP não será
objeto de uma disputa hoje. Até a
noite de ontem, Mantega, Paulo
Bernardo (Planejamento) e Henrique Meirelles (BC) conversaram
entre si em diferentes momentos,
para uma solução negociada que
evitasse um impasse.
Meirelles, tradicionalmente, é o
mais conservador. O BC avalia
que a TJLP, já muito inferior à taxa básica da economia, de 16,5%,
atrapalha a eficácia da política
monetária. Bernardo, embora petista como Mantega, também milita entre os ortodoxos.
O próprio relatório trimestral
divulgado ontem pelo BC, porém,
serve como justificativa para uma
queda maior da TJLP.
Apesar de reconhecer que não é
o momento para uma queda forte
de uma única vez, Mantega deverá insistir que é preciso manter
coerência e transparência na fixação da taxa. A fórmula para estabelecer o valor da TJLP fixou como parâmetros o risco-Brasil e a
expectativa de inflação para 12
meses à frente. Vinha daí a insistência do então presidente do
BNDES de que a TJLP deveria estar em 7% ao ano, já que a inflação
e o risco caíram bastante.
Mantega é contra os argumentos de que é preciso avaliar "outros componentes", como os juros internacionais. Para Mantega,
também não é correta a afirmação
de que é preciso aproximar a taxa
dos juros básicos da economia.
Segundo ele, a TJLP é um instrumento importante para estimular
os investimentos produtivos que
assegurarão maiores níveis de
crescimento econômico sem
pressões inflacionárias.
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