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PF desmonta "sistema bancário paralelo"
Organização criminosa atuava no Sul do país; 16 pessoas foram presas em Santa Catarina e 20 no Rio Grande do Sul
Grupo de SC movimentava cerca de US$ 10 mi por mês, e o do RS, cerca de R$ 1 mi por dia; advogado de presos evita comentar ação da PF
Ronaldo Bernardi/"Zero Hora"
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Notas de dinheiro apreendidas pela PF em operação no Sul |
CÍNTIA ACAYABA
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal prendeu
ontem pelo menos 36 pessoas
-16 em Santa Catarina e 20 no
Rio Grande do Sul- acusadas
de integrar uma organização
criminosa que controlava uma
espécie de "sistema bancário
paralelo" no Sul do Brasil.
Segundo a PF, a organização
estava dividida em células, uma
em cada Estado. O grupo catarinense movimentava cerca de
US$ 10 milhões por mês, e o do
Rio Grande do Sul, cerca de R$
1 milhão por dia.
A Justiça Federal determinou ainda o bloqueio de 560
contas bancárias ligadas ao esquema.
De acordo com as investigações, a organização oferecia
-sem o conhecimento do Banco Central- serviços bancários
a empresários da região, como
manutenção de conta corrente
e investimentos e compra e
venda de moeda estrangeira,
além de envio de dinheiro para
o exterior por meio de transações financeiras ilegais e não
declaradas às autoridades.
Na manhã de ontem, a operação "Ouro Verde" -que ganhou
esse nome em alusão à cor das
cédulas de dólar- prendeu 16
pessoas em cidades catarinenses. Todas foram encaminhadas à sede da PF em Joinville
(186 km de Florianópolis).
Das 16 prisões, 3 são preventivas (de 30 dias) -entre elas, a
do acusado de liderar a quadrilha, Rogério Luiz Gonçalves,
dono do grupo Roger, com cerca de dez empresas e sede em
Jaraguá do Sul (187 km de Florianópolis).
Rogério e seu irmão Clóvis
Gonçalves estão presos acusados de formação de quadrilha,
descaminho, lavagem de dinheiro, funcionamento de instituição financeira sem autorização legal, entre outros.
Procurado pela Folha, o advogado dos irmãos Gonçalves
disse que "não tem interesse
em falar com a imprensa".
Segundo a delegada da PF
Laura Tacca, que participou da
coordenação da operação, uma
das empresas que teria usado
os serviços do "banco paralelo"
era a AMC Têxtil Ltda., dona da
marca de roupas Colcci.
Auditores da Receita foram
até uma das empresas do grupo, em Jaraguá do Sul, com
mandado de busca e apreensão
para "recolher elementos de
sonegação e evasão fiscal".
A reportagem entrou em
contato com a sede da empresa, em Brusque, mas uma funcionária do setor de marketing
disse que não sabia nada sobre
o caso e que os diretores da empresa não estavam no local.
As investigações começaram
em 2005 com a apreensão de
US$ 20 mil que estavam sendo
transportados para uma agência de turismo que atuava clandestinamente como casa de
câmbio em Joinville.
Rio Grande do Sul
O esquema gaúcho de remessa ilegal de dinheiro ao exterior, com "braços financeiros"
nos EUA e no Uruguai, baseado
em importação de mercadorias, começou em 1996 e movimentou cerca de R$ 2,5 bilhões.
O superintendente da PF no
Estado, José Francisco Mallmann, disse que as operações
podem ter começado em 1986.
Com isso, a movimentação financeira chegaria a um valor
maior -R$ 5 bilhões.
Uma das financiadoras mais
conhecidas de Porto Alegre, a
Portocred, estaria supostamente envolvida nas remessas
ilegais e reintrodução dos recursos no sistema financeiro
brasileiro. Os três donos foram
presos ontem. A reportagem
não conseguiu falar com seus
advogados.
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