São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2010

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FMI vê risco em atraso nas regras do setor financeiro

Mundo pode perder janela de oportunidade para adoção de medidas, diz nº 1 do Fundo

G20 exorta em carta seus membros a mostrarem seu compromisso com as reformas acordadas em reunião de 2009 nos EUA


LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, disse ontem que a demora na fixação de regras para os bancos de maior peso no sistema pode jogar por terra o principal avanço obtido com a crise global: a busca por soluções conjuntas.
"Uma das lições da crise é que, para enfrentar desafios globais, precisamos de respostas globais. Essa lição está prestes a se perder", afirmou em discurso no Parlamento romeno, em Bucareste, o número um do FMI.
O G20 criou no ano passado um Conselho de Estabilidade Financeira cuja missão inclui estabelecer regras comuns e parâmetros mínimos para evitar o surgimento de bolhas, garantir a liquidez das instituições e, em caso de falência, evitar a contaminação do sistema. Pelo plano, até o fim deste ano as diretrizes teriam de estar aprovadas, e até 2012, vigorar.
Mas, como a Folha mostrou no início do mês, o projeto tratado pelo BIS (Banco para Compensações Internacionais, o BC dos BCs) em suas reuniões em Basileia (Suíça) está totalmente empacado.
Algumas medidas, como a criação de lista com as instituições-chave, já foram descartadas. Outras foram atenuadas e repassadas da autoridade comum às locais -caso da fixação de valores para o colchão de capital que os bancos terão de ter preventivamente.
O resultado é um descompasso daninho, como alertou Strauss-Kahn ontem: "[As medidas tomadas individualmente] fazem sentido. O único problema é que elas não combinam entre si". E a janela de oportunidade, lembrou, está se fechando conforme se amenizam os efeitos da crise.
Strauss-Kahn não é o único a demonstrar desânimo com o atraso. Uma carta dos membros-chave do G20 aos demais exorta os governos do grupo a mostrarem seu compromisso com as reformas acordadas na reunião de 2009 nos EUA.
"Todos nós temos uma responsabilidade mútua", diz o texto emitido em Londres. "[Tratar do que levou à crise] vai requerer que mantenhamos nossa vigilância para lidar com as reformas necessárias e que nos resguardemos da complacência conforme nossas economias se recuperam."
As medidas definidas até agora param em um patamar mais baixo do que o inicialmente almejado pelo G20.
Ontem, o BIS divulgou o relatório de sua primeira "peer review" (revisão pelos pares) dentro da nova pauta de discussão, na qual abordou os salários e bônus pagos a executivos do mercado financeiro.
O Brasil é citado como um do países que ainda precisam avançar nas medidas para regular a remuneração.


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