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FMI vê risco em atraso nas regras do setor financeiro
Mundo pode perder janela de oportunidade para adoção de medidas, diz nº 1 do Fundo
G20 exorta em carta seus
membros a mostrarem seu
compromisso com as
reformas acordadas em
reunião de 2009 nos EUA
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O diretor-gerente do Fundo
Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, disse
ontem que a demora na fixação
de regras para os bancos de
maior peso no sistema pode jogar por terra o principal avanço
obtido com a crise global: a busca por soluções conjuntas.
"Uma das lições da crise é
que, para enfrentar desafios
globais, precisamos de respostas globais. Essa lição está prestes a se perder", afirmou em
discurso no Parlamento romeno, em Bucareste, o número
um do FMI.
O G20 criou no ano passado
um Conselho de Estabilidade
Financeira cuja missão inclui
estabelecer regras comuns e
parâmetros mínimos para evitar o surgimento de bolhas, garantir a liquidez das instituições e, em caso de falência, evitar a contaminação do sistema.
Pelo plano, até o fim deste ano
as diretrizes teriam de estar
aprovadas, e até 2012, vigorar.
Mas, como a Folha mostrou
no início do mês, o projeto tratado pelo BIS (Banco para
Compensações Internacionais,
o BC dos BCs) em suas reuniões em Basileia (Suíça) está
totalmente empacado.
Algumas medidas, como a
criação de lista com as instituições-chave, já foram descartadas. Outras foram atenuadas e
repassadas da autoridade comum às locais -caso da fixação
de valores para o colchão de capital que os bancos terão de ter
preventivamente.
O resultado é um descompasso daninho, como alertou
Strauss-Kahn ontem: "[As medidas tomadas individualmente] fazem sentido. O único problema é que elas não combinam entre si". E a janela de
oportunidade, lembrou, está se
fechando conforme se amenizam os efeitos da crise.
Strauss-Kahn não é o único a
demonstrar desânimo com o
atraso. Uma carta dos membros-chave do G20 aos demais
exorta os governos do grupo a
mostrarem seu compromisso
com as reformas acordadas na
reunião de 2009 nos EUA.
"Todos nós temos uma responsabilidade mútua", diz o
texto emitido em Londres.
"[Tratar do que levou à crise]
vai requerer que mantenhamos nossa vigilância para lidar
com as reformas necessárias e
que nos resguardemos da complacência conforme nossas
economias se recuperam."
As medidas definidas até
agora param em um patamar
mais baixo do que o inicialmente almejado pelo G20.
Ontem, o BIS divulgou o relatório de sua primeira "peer
review" (revisão pelos pares)
dentro da nova pauta de discussão, na qual abordou os salários e bônus pagos a executivos do mercado financeiro.
O Brasil é citado como um do
países que ainda precisam
avançar nas medidas para regular a remuneração.
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