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BC muda estratégia e vai vender mais dólares
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central irá intensificar sua atuação no mercado de câmbio a partir de amanhã. Por meio de intervenções diárias, o BC venderá US$ 1,835 bilhão aos investidores em agosto, contra US$ 1,5 bilhão estimado para este mês.
A exemplo do que vinha ocorrendo nas últimas semanas, o BC
continuará a vender US$ 50 milhões por dia para atender a procura dos investidores pela moeda norte-americana, mas mudará a forma pela qual isso é feito.
Desde o início deste mês, o BC tem vendido US$ 50 milhões, diariamente, por dois instrumentos: a venda direta de dólares ou os chamados leilões de linha externa. Nesses leilões, o BC vende os dólares, e os bancos se comprometem a revender a moeda, para
o próprio BC, em um prazo de até
90 dias. Na venda direta, não há
essa obrigação de revenda.
A partir de amanhã, as intervenções serão feitas exclusivamente
por meio de vendas diretas. Essa
estratégia, conhecida como ração
diária, já havia sido adotada no
segundo semestre do ano passado, quando o BC vendia US$ 50
milhões por dia.
No total, o BC deverá vender
US$ 1,1 bilhão no mercado por
meio dessas intervenções diárias.
Além dessas vendas, o BC vai renovar US$ 735 milhões em agosto
de linhas externas, o que totalizará US$ 1,835 bilhão.
O diretor de Política Monetária
do BC, Luiz Fernando Figueiredo,
disse que, se necessário, poderão
ser vendidos, em um único dia,
mais do que US$ 50 milhões.
Nos últimos dois dias, as intervenções do BC superaram esse
valor. Figueiredo não quis informar quanto foi efetivamente vendido. Neste mês, o BC já vendeu,
pelo menos, US$ 1,45 bilhão, do
qual pelo menos US$ 700 milhões
foram por meio de vendas diretas.
Os dólares para venda direta
saem das reservas internacionais
líquidas do país, hoje próximas de
US$ 27 bilhões. Pelo acordo com
o FMI, as reservas líquidas neste
ano não podem ficar abaixo de
US$ 15 bilhões.
As reservas líquidas excluem os
recursos do FMI (Fundo Monetário Internacional), pouco mais de
US$ 10 bilhões, e os títulos da dívida externa brasileira recomprados pelo BC, cerca de US$ 2 bilhões. Com a inclusão desses dois
itens, as reservas internacionais
do país somam US$ 40 bilhões.
Figueiredo afirmou que a decisão de elevar a quantidade de dólares colocados no mercado por
meio de vendas diretas -em detrimento das linhas externas-
está ligada à baixa liquidez observada no mercado de câmbio.
O volume de dólares em circulação no mercado está baixo, com
poucos investidores dispostos a
vender a moeda. Isso faz com que
a cotação suba. Segundo Figueiredo, essa falta de liquidez é consequência "do momento mais nervoso e mais turbulento que estamos vivendo".
Figueiredo disse ainda que as linhas externas são usadas quando
o BC percebe que os bancos estão
com dificuldades em obter empréstimos externos de curto prazo para financiar suas operações.
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