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ECONOMIA EM TRANSE
País fecha com FMI até dia 12, diz Armínio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse ontem que o governo espera fechar um novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) até 12 de
agosto.
As negociações oficiais começam hoje com a chegada da missão de técnicos brasileiros a Washington. As conversas informais, porém, começaram há cerca de
quatro semanas.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, Fraga disse que não vê nenhum problema em estender o acordo com o Fundo até o início de 2003, no governo
do próximo presidente.
Questionado sobre a possibilidade de redução do piso das reservas internacionais líquidas nas negociações com o FMI, Fraga disse que "há flexibilidade para
adaptar o acordo".
O piso para este ano foi fixado
em US$ 15 bilhões. Sua redução
amplia o volume de dólares do BC
para intervir no câmbio, já que os
recursos para as intervenções
vêm das reservas líquidas.
As reservas líquidas, hoje próximas de US$ 27 bilhões, não incluem os recursos emprestados
pelo FMI -pouco mais de US$ 10
bilhões- nem aqueles usados
para a recompra, pelo BC, de títulos da dívida externa brasileira,
hoje em cerca de US$ 2 bilhões.
Meta de corte
O governo deverá elevar de
3,75% para 4% do PIB (Produto
Interno Bruto) o superávit primário do país no acordo em negociação com o FMI. Isso poderia ser
feito sem mais cortes de gastos.
Bastaria o governo manter o ritmo atual de liberação de recursos.
Para economizar os mesmos
4% do PIB no ano que vem, quando haverá um novo presidente,
seria preciso combinar gastos menores com aumento de impostos,
o que depende do Congresso.
Embora não acredite na necessidade de mais medidas fiscais, o
governo ainda estuda alternativas
que não dependam da aprovação
do Congresso. É o caso da elevação da alíquota do Imposto sobre
Operações Financeiras.
A missão brasileira vai negociar
com o FMI, entre outras coisas, o
tamanho do arrocho fiscal.
A Folha apurou que a intenção
do governo é obter um empréstimo de mais US$ 10 bilhões do
FMI, de imediato. Pelo acordo
atual, que acaba em dezembro
próximo, o Brasil tem direito a sacar mais duas parcelas de aproximadamente US$ 500 milhões.
Além de negociar um novo empréstimo do FMI, a equipe econômica quer reduzir o piso das reservas internacionais líquidas do
país deste ano para aumentar os
recursos que o Banco Central pode usar para intervir no dólar.
O piso dessas reservas, que excluem os recursos emprestados
pelo FMI, está hoje em US$ 15 bilhões. As reservas internacionais
estão em cerca de US$ 27 bilhões.
O superávit primário (receita
menos despesas, exceto os gastos
com juros) previsto para este ano
e o próximo é de 3,75% do PIB.
Os ministérios da Fazenda e do
Planejamento têm acompanhado
de perto o comportamento das
contas dos Estados e dos municípios e avaliam que estão obtendo
resultados equivalentes a 1,2% do
PIB -o resultado previsto.
Mantido esse desempenho e a
política conservadora de liberação de recursos pelo Tesouro Nacional, a meta de superávit primário do setor público poderia ultrapassar 4% do PIB. De janeiro até a
semana passada, o governo cortou R$ 14,7 bilhões de recursos
que os ministérios poderiam gastar até dezembro.
Já a elevação da atual meta de
3,75% para o primeiro ano do
próximo governo precisará de
medidas mais drásticas.
Estudo do Ministério do Planejamento mostra que, em 2003, o
governo perderá R$ 2,8 bilhões
em arrecadação de impostos com
a redução de alíquotas da CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e do Imposto de
Renda de Pessoa Física.
Colaboraram JULIANNA SOFIA e LEONARDO SOUZA, da Sucursal de Brasília
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