São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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América Latina perde investimento em fundos

DA REPORTAGEM LOCAL

O setor de fundos de investimentos perdeu US$ 11,66 bilhões em saques no Brasil no primeiro semestre do ano, segundo relatório da Thomson Invest Tracker.
De acordo com a consultoria, a captação líquida na América Latina no semestre foi negativa em US$ 9,28 bilhões, o que significa retração de 4,28% se comparada ao mesmo período de 2001.
O volume total de recursos em fundos de investimento na região também sofreu forte queda. Em março de 2001, o setor atingira o nível recorde de US$ 202,05 bilhões na América Latina. Ao final do primeiro trimestre deste ano, o patrimônio líquido administrado era de US$ 163,2 bilhões.
No caso do Brasil teriam sido duas as principais razões para a sangria. Em princípio, as desconfianças provocadas pelo processo eleitoral. Depois, a antecipação da mudança das regras da contabilização dos ativos dos fundos.
Pela nova regra, os fundos foram obrigados a contabilizar seus ativos (na maioria, títulos públicos) pelo valor de mercado. Até então, levava-se em conta o valor de aquisição dos papéis, corrigido por uma determinada taxa de juros. Parte dos títulos, porém, estava contabilizada com valor muito acima da média de mercado. Resultado: com a adequação, em só um dia houve carteiras que perderam até 5% de seu patrimônio.
Em junho, primeiro mês de vigência da norma, os saques totalizaram US$ 9,47 bilhões (R$ 25,86 bilhões). Não pequeno grupo de investidores migrou para a poupança -no mês, os depósitos foram superiores aos saques em R$ 5,29 bilhões, maior saldo desde a criação da poupança, em 1966.
A aversão aos fundos, segundo a Thomson, também teria sido um dos fatores que pressionaram a taxa de câmbio. Mas o Brasil não foi o único golpeado. O México registrou apenas em junho captação negativa de US$ 1,3 bilhão. A Argentina, no semestre, acumula captação negativa de US$ 1,64 bilhão (diferença entre saques e novos investimentos). Dos que se mantiveram imunes, destacaram-se Chile (aumento de 30,5% nas captações no semestre) e Peru (mais 29,14%). (JOSÉ ALAN DIAS)


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