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DRAGÃO ADORMECIDO
Índice recua 0,42% em julho, resquício da queda do dólar
IGP-M acumula deflação de 1,67% em três meses
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Os preços medidos pelo IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado) apresentaram em julho deflação pelo terceiro mês seguido. A
queda de preços foi de 0,42%. Em
junho, havia sido de 1%, e, em
maio, de 0,26%. O índice acumula
alta de 5,46% no ano e de 25,25%
nos 12 meses encerrados hoje.
Segundo os dados da FGV
(Fundação Getúlio Vargas), foi a
segunda vez na história do IGP-M, criado em 1989, que houve deflação por três meses consecutivos. A outra foi em julho, agosto e
setembro de 1998.
A diferença é que, enquanto naquele período a queda acumulada
ficou em 0,41%, agora ela já representa redução de preços de 1,67%.
O economista Salomão Quadros, coordenador de Análises
Econômicas da FGV, avalia que o
recuo dos preços decorre mais de
resquícios da queda do dólar em
relação ao real do que da redução
da demanda por produtos no
mercado interno.
Ele concorda com a tendência
conservadora do BC na redução
dos juros básicos. A queda neste
mês foi de 1,5 ponto percentual
(de 26% para 24,5% ao ano).
"Acho que há um processo recessivo, mas ele não é a principal
causa da deflação", afirmou.
A maior prova, segundo Quadros, é que o peso da deflação está
mais concentrado no atacado, enquanto em 1998 a pressão era
maior no varejo.
O IPA (Índice de Preços por
Atacado), que representa 60% na
composição do índice geral, registrou também três meses consecutivos de deflação, fato inédito na
história do IGP-M, acumulando
queda de preços de 3,49% em
maio, junho e julho.
Neste mês, a queda do IPA foi
de 0,75%, o que representou uma
desaceleração no ritmo da queda
de 0,92 ponto percentual sobre a
queda de 1,67% de junho.
A desaceleração na queda do
IPA, para Quadros, indica que a
tendência deflacionária está se esgotando e que, possivelmente já
em agosto, o IGP-M voltará a ser
positivo. Mas ele avalia que não
há pressões inflacionárias significativas à vista.
Os preços no varejo medidos
pelo IPC (Índice de Preços ao
Consumidor), que representa
30% no IGP-M, só não mostraram deflação por causa dos aumentos das tarifas telefônicas.
O INCC (Índice Nacional de
Custo da Construção), que representa 10% do IGP-M, apresentou
alta de 0,59% em julho, contra
0,74% em junho.
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