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VEÍCULOS
Especialista diz que GM tira grande parte de seu ganho em carros médios, por isso é favorável a igualar IPI dos modelos
Plano para elevar venda racha montadoras
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A discussão sobre um plano
emergencial para a retomada das
vendas internas de automóveis
ameaça expor um racha entre as
montadoras instaladas no país.
O conflito de interesses começou a ser evidenciado anteontem
quando o presidente da General
Motors do Brasil, Walter Wieland, criticou o fato de que o plano de reativação priorize os carros populares. Wieland chegou a
ridicularizar o favorecimento a
esse segmento de mercado ao
afirmar que ""daqui a pouco vão
sugerir o carro do sem-terra".
Segundo representante de uma
concorrente, que pediu para não
ser identificado, à montadora
americana não interessa que um
plano atinja somente veículos de
até mil cilindradas (os populares).
A explicação estaria no fato de
que, apesar de produzir um grande volume desses automóveis, a
GM obtém a rentabilidade nos
veículos médios (entre mil cilindradas e 2.000 cc) e grandes (acima de 2.000 cc). A partir de dados
da Anfavea, infere-se que, no primeiro semestre deste ano, a participação dos populares nas vendas
internas foi assim distribuída:
GM, 66,7%; Fiat, 72,5%; Ford,
73%; e na Volkswagen, 47,5%.
""Mesmo fabricando alto volume de populares, GM consegue tirar ganho nos carros médios e
grandes. É uma questão de estrutura produtiva, que envolve desde
o nível de modernização das fábricas à rapidez de adequação de
produção à exigência do mercado", diz o consultor José Eduardo
Favoretto, especialista no setor.
Procurada pela Folha ontem, a
GM, por meio de sua assessoria,
informou que não se pronunciaria sobre o assunto porque seus
dois principais executivos, Wieland, e o vice-presidente, José Pinheiro Neto, não estavam em São
Paulo. Mas a GM reiterou ser favorável à cobrança de uma alíquota única de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) ou
uma aproximação das alíquotas.
O plano emergencial apresentado ao governo pela CUT (Central
Única dos Trabalhadores), a Anfavea (associação das montadoras) e o Sindipeças (autopeças)
prevê redução do IPI em quatro
pontos percentuais, diminuição
do ICMS em um ponto percentual e financiamento com taxas
mais baixas.
Um dos pontos a serem discutidos a partir de amanhã com o ministro do Desenvolvimento, Luiz
Fernando Furlan, no fórum de
competitividade do setor, é se
uma eventual redução do IPI atingiria somente os populares (até
1.000 cc) ou se se estenderia a outras faixas, como defendeu anteontem o presidente da GM.
"A GM defende a estratégia de
"matar" os populares porque
aposta em carros maiores. Do outro lado, temos o presidente da
Volks (Paul Fleming) que defende
carro barato. A sociedade tem que
debater o assunto", diz Luiz Marinho, presidente da CUT.
Sobre a posição da central, afirmou: "Somos favoráveis ao carro
popular. Se você consegue dar
acesso ao comprador de carros
populares, consegue aumentar a
escala de produção e obter lucro".
Colaborou Claudia Rolli, da Reportagem Local
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