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São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003

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VEÍCULOS

Especialista diz que GM tira grande parte de seu ganho em carros médios, por isso é favorável a igualar IPI dos modelos

Plano para elevar venda racha montadoras

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão sobre um plano emergencial para a retomada das vendas internas de automóveis ameaça expor um racha entre as montadoras instaladas no país.
O conflito de interesses começou a ser evidenciado anteontem quando o presidente da General Motors do Brasil, Walter Wieland, criticou o fato de que o plano de reativação priorize os carros populares. Wieland chegou a ridicularizar o favorecimento a esse segmento de mercado ao afirmar que ""daqui a pouco vão sugerir o carro do sem-terra".
Segundo representante de uma concorrente, que pediu para não ser identificado, à montadora americana não interessa que um plano atinja somente veículos de até mil cilindradas (os populares).
A explicação estaria no fato de que, apesar de produzir um grande volume desses automóveis, a GM obtém a rentabilidade nos veículos médios (entre mil cilindradas e 2.000 cc) e grandes (acima de 2.000 cc). A partir de dados da Anfavea, infere-se que, no primeiro semestre deste ano, a participação dos populares nas vendas internas foi assim distribuída: GM, 66,7%; Fiat, 72,5%; Ford, 73%; e na Volkswagen, 47,5%.
""Mesmo fabricando alto volume de populares, GM consegue tirar ganho nos carros médios e grandes. É uma questão de estrutura produtiva, que envolve desde o nível de modernização das fábricas à rapidez de adequação de produção à exigência do mercado", diz o consultor José Eduardo Favoretto, especialista no setor.
Procurada pela Folha ontem, a GM, por meio de sua assessoria, informou que não se pronunciaria sobre o assunto porque seus dois principais executivos, Wieland, e o vice-presidente, José Pinheiro Neto, não estavam em São Paulo. Mas a GM reiterou ser favorável à cobrança de uma alíquota única de IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) ou uma aproximação das alíquotas.
O plano emergencial apresentado ao governo pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), a Anfavea (associação das montadoras) e o Sindipeças (autopeças) prevê redução do IPI em quatro pontos percentuais, diminuição do ICMS em um ponto percentual e financiamento com taxas mais baixas.
Um dos pontos a serem discutidos a partir de amanhã com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, no fórum de competitividade do setor, é se uma eventual redução do IPI atingiria somente os populares (até 1.000 cc) ou se se estenderia a outras faixas, como defendeu anteontem o presidente da GM.
"A GM defende a estratégia de "matar" os populares porque aposta em carros maiores. Do outro lado, temos o presidente da Volks (Paul Fleming) que defende carro barato. A sociedade tem que debater o assunto", diz Luiz Marinho, presidente da CUT.
Sobre a posição da central, afirmou: "Somos favoráveis ao carro popular. Se você consegue dar acesso ao comprador de carros populares, consegue aumentar a escala de produção e obter lucro".


Colaborou Claudia Rolli, da Reportagem Local


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