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Após auge em 2003, criação de camarão declina no país
Exportações caíram de US$ 244,5 mi naquele ano para US$ 154,4 mi em 2006
Produtores alegam perda de competitividade com alta do real; para ambientalistas, doenças que mataram as criações afetaram produção
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O sucesso da criação de camarão em cativeiro no país durou pouco: iniciada no final dos
anos 90, a carcinicultura teve
seu auge em 2003, mas, desde
então, vive um declínio que já
causou o fechamento de empresas, o abandono de viveiros
e desemprego.
Em apenas três anos, as exportações caíram de US$ 244,5
milhões em 2003, com 61 mil
toneladas do crustáceo, para
US$ 154,4 milhões e 34 mil toneladas no ano passado -queda de 37% em valor.
De um lado, produtores culpam a política cambial, que supervalorizou o real diante do
dólar e tornou desigual a competição com outros países, como os asiáticos e o Equador. De
outro, ambientalistas alegam
que doenças causadas pelo descuido dos carcinicultores com o
ambiente afetaram a produção.
Uma das maiores empresas
do setor no país, a Compescal,
de Aracati (CE), chegou a faturar mais de US$ 22 milhões em
um ano. O dono da empresa,
Expedito Ferreira da Costa
(PP), foi eleito prefeito da cidade em 2004.
Com a crise, a empresa desativou metade dos 219 viveiros
de sua sede, que ocupam 620
hectares de espelho d'água
-área equivalente a cerca de
870 campos de futebol-, e demitiu 1.200 funcionários. Também não exporta mais. A produção restante será voltada ao
mercado interno.
Segundo Rodrigo Carvalho,
da ABCC (Associação Brasileira dos Criadores de Camarão),
o setor está agonizando porque
era todo voltado para a exportação. "É muito diferente você
ter em sua empresa só uma pessoa para tratar com seis, sete
clientes internacionais, que fazem grandes compras, do que
ter uma equipe para tratar de
um leque muito maior no mercado nacional, e que compra
em volume menor."
Para o presidente da ABCC,
Itamar Rocha, o produto vai ter
de mudar para ser aceito no
Brasil. "O consumidor quer facilidade, embalagem fácil, com
pouco conteúdo. Não os pacotões de quilos que despachamos para o exterior", afirmou.
A ABCC, segundo ele, já estudou 30 produtos diferentes de
camarão para o mercado brasileiro, mas ainda não tem data
para colocá-los em prática.
Também existe a idéia de certificar a produção, como garantia
de qualidade.
Viroses
Além da variação do câmbio,
que encareceu o produto no exterior, outro problema que afetou a produção foi a incidência
de viroses que causaram grande mortandade nas criações.
A Compescal, por exemplo,
criava 80 camarões por m2, em
uma época em que a sobrevivência dos crustáceos, animais
frágeis, chegava a 75%. Com as
viroses, começou a restar somente 30% da criação.
"Agora, diminuímos para 25
animais por m2 e despovoamos
metade dos viveiros. Vamos
aguardar o resultado do povoamento para ver o que faremos",
disse Adalmir Costa, diretor
administrativo da empresa.
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