São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEM LUZ
Variação do custo dos empréstimos externos de termelétricas vai onerar tarifas
Consumidor vai pagar parte de dívida em dólar de usinas

DO PAINEL S/A

O consumidor vai arcar com os riscos do efeito da variação do dólar nos empréstimos tomados no exterior para o programa emergencial de construção das 12 termelétricas em 2001.
Isto é, as tarifas de energia elétrica vão ficar mais caras não apenas devido à variação do preço do gás das usinas, que é importado e, portanto, cotado em dólares.
O consumidor também vai pagar parte da variação do custo do financiamento contraído junto a bancos estrangeiros. Quando o real se desvaloriza -quando o dólar fica mais caro- aumenta o custo de todos os bens e serviços cotados na moeda dos EUA.
O investimento no programa de emergência das termelétricas é calculado em US$ 1,3 bilhão, 40% financiados em dólar. O restante será obtido através de financiamentos do BNDES (30%) e capital próprio das empresas (30%).
O ministro das Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, já definiu a fórmula de repasse para as tarifas do risco cambial tanto do preço do gás como do empréstimo externo e deverá anunciá-la oficialmente nos próximos dias.Os repasses serão trimestrais.
O presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), David Zylbersztajn, confirma que esse será mesmo o modelo adotado para neutralizar o risco da variação cambial tanto das empresas que investirem no programa das termelétricas como dos bancos de fora que estão concedendo os empréstimos em dólar.
Zylbersztajn garante, no entanto, que o impacto sobre as tarifas de energia elétrica para o consumidor final será muito pequeno. A energia a ser gerada pelas 12 termelétricas irá representar apenas 5% do preço final cobrado dos consumidores. Desses 5% da tarifa, 60% sofrem influência do dólar: 40% do gás e 20% do financiamento em dólar. Ou seja, o impacto do risco cambial será de 3% sobre o preço final.
Mesmo assim, para que ocorra esse impacto de 3%, o presidente da ANP diz que esse cálculo leva em consideração o fato de as 12 termelétricas estarem operando a plena carga.
Zylbersztajn lembra, ainda, que o efeito da variação do dólar sobre o preço final pode ser tanto positivo como negativo. "A tarifa pode até cair, dependendo do comportamento do dólar", diz.
Se o sistema estivesse vigorando agora, por exemplo, o impacto dessa cláusula cambial faria com que os preços sofressem uma ligeira queda. Nos últimos meses, houve uma valorização do real sobre o dólar. "As tarifas teriam baixado", diz o presidente da ANP.


Texto Anterior: Luz chegará a todas casas, diz Aneel
Próximo Texto: Distribuidora quer parceria com usina
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.