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SEM LUZ
Variação do custo dos empréstimos externos de termelétricas vai onerar tarifas
Consumidor vai pagar parte de dívida em dólar de usinas
DO PAINEL S/A
O consumidor vai arcar com os
riscos do efeito da variação do dólar nos empréstimos tomados no
exterior para o programa emergencial de construção das 12 termelétricas em 2001.
Isto é, as tarifas de energia elétrica vão ficar mais caras não apenas
devido à variação do preço do gás
das usinas, que é importado e,
portanto, cotado em dólares.
O consumidor também vai pagar parte da variação do custo do
financiamento contraído junto a
bancos estrangeiros. Quando o
real se desvaloriza -quando o
dólar fica mais caro- aumenta o
custo de todos os bens e serviços
cotados na moeda dos EUA.
O investimento no programa de
emergência das termelétricas é
calculado em US$ 1,3 bilhão, 40%
financiados em dólar. O restante
será obtido através de financiamentos do BNDES (30%) e capital
próprio das empresas (30%).
O ministro das Minas e Energia,
Rodolpho Tourinho, já definiu a
fórmula de repasse para as tarifas
do risco cambial tanto do preço
do gás como do empréstimo externo e deverá anunciá-la oficialmente nos próximos dias.Os repasses serão trimestrais.
O presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP), David
Zylbersztajn, confirma que esse
será mesmo o modelo adotado
para neutralizar o risco da variação cambial tanto das empresas
que investirem no programa das
termelétricas como dos bancos de
fora que estão concedendo os empréstimos em dólar.
Zylbersztajn garante, no entanto, que o impacto sobre as tarifas
de energia elétrica para o consumidor final será muito pequeno.
A energia a ser gerada pelas 12 termelétricas irá representar apenas
5% do preço final cobrado dos
consumidores. Desses 5% da tarifa, 60% sofrem influência do dólar: 40% do gás e 20% do financiamento em dólar. Ou seja, o impacto do risco cambial será de 3%
sobre o preço final.
Mesmo assim, para que ocorra
esse impacto de 3%, o presidente
da ANP diz que esse cálculo leva
em consideração o fato de as 12
termelétricas estarem operando a
plena carga.
Zylbersztajn lembra, ainda, que
o efeito da variação do dólar sobre o preço final pode ser tanto
positivo como negativo. "A tarifa
pode até cair, dependendo do
comportamento do dólar", diz.
Se o sistema estivesse vigorando
agora, por exemplo, o impacto
dessa cláusula cambial faria com
que os preços sofressem uma ligeira queda. Nos últimos meses,
houve uma valorização do real
sobre o dólar. "As tarifas teriam
baixado", diz o presidente da
ANP.
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