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RECEITA ORTODOXA
Levantamento parcial em agosto aponta taxa de 62,8% ao ano, ante 62% em julho; BC espera mais aumentos
Juro ao consumidor sobe após 17 meses
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros cobrados pelos bancos
nos empréstimos a pessoas físicas
interromperam uma trajetória de
queda que havia começado em
abril do ano passado e voltaram a
subir neste mês. Segundo levantamento do Banco Central, as taxas
cobradas nesses financiamentos
são, em média, de 62,8% ao ano.
No mês passado, os juros para
pessoas físicas estavam em 62%
ao ano, os mais baixos já observados no país desde que o BC passou a acompanhar esse indicador,
em 1994. No caso dos financiamentos concedidos às empresas,
a taxa passou de 29,7% ao ano para 30,0% neste mês.
Os resultados de agosto ainda
são preliminares, calculados com
base nas operações de crédito realizadas pelos bancos entre os dias
1º e 18 deste mês.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz
que novos aumentos dos juros
bancários são esperados para os
próximos meses. "O parâmetro
para essas taxas são os juros futuros, e eles subiram. Não é de esperar uma
queda [nos juros bancários], pelo
contrário: não me surpreenderia
se houvesse uma elevação", diz.
Os juros futuros refletem, principalmente, a expectativa dos investidores em relação ao comportamento futuro da taxa Selic, hoje
em 16% ao ano. Eles têm apresentado uma tendência de alta desde
o mês passado, quando o BC passou a sinalizar que pode elevar a
Selic para que a inflação fique
dentro das metas estabelecidas
pelo governo -5,5% como intervalo de 2,5 pontos percentuais.
Mesmo a queda observada nos
juros médios praticados pelos
bancos nos últimos meses reflete,
em parte, um efeito estatístico,
mais do que a efetiva redução das
taxas cobradas pelo sistema financeiro. Isso porque, segundo
Lopes, muitas pessoas estão trocando empréstimos de juros mais
elevados por outros mais baratos.
Os juros cobrados no cheque especial, por exemplo, estavam em
140,2% ao ano em abril e passaram para 140,1% no mês passado.
"Ainda é elevadíssimo", afirma
Lopes. No caso do financiamento
feito para a compra de automóveis, nesse período, houve um aumento: a taxa subiu de 35% ao
ano para 36,1%.
Desconto em folha
O que causa a queda nos juros
médios, segundo Lopes, é a expansão do chamado crédito em
consignação em folha de pagamento, em que as prestações são
descontadas diretamente do salário do devedor. No mês passado,
esse tipo de crédito chegou a R$
8,231 bilhões, um crescimento de
3,5% em relação a junho.
O risco de inadimplência nesse
tipo de empréstimo é bastante reduzido, o que faz com que os bancos cobrem juros menores nessa
modalidade. No empréstimo em
consignação, a taxa, segundo o
BC, é de 38,1% ao ano. Nas operações de crédito pessoal como um
todo, ela é de 71,7%.
Como os juros médios cobrados
das pessoas físicas são calculados
pela média das taxas em todas as
modalidades, essa expansão do
crédito em consignação acaba puxando o resultado para baixo.
Em julho, os empréstimos disponibilizados pelos bancos no
país totalizam R$ 446,954 bilhões.
Esse valor equivale a 26,2% do
PIB (Produto Interno Bruto),
proporção ligeiramente superior
aos 26% registrados em janeiro
passado. Segundo Lopes, não se
espera uma forte expansão no
crédito nos próximos meses.
Para ele, a recuperação da renda
da população ocorrida recentemente faz com que as pessoas tenham uma necessidade menor de
contrair novos empréstimos, o
que explicaria a estabilidade do
volume de crédito fornecido pelo
sistema financeiro. A pesquisa pelo BC apresenta dados diferentes
de outra feita pela Anefac (associação que reúne os executivos de
finanças) porque essa última inclui dados de 30 bancos, e a do BC
pega todo o sistema financeiro.
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