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CAPTAÇÃO
Títulos serão lançados antes da safra 2004/5
Novos papéis devem atrair bancos e elevar o crédito agrícola no país
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Os fundos de investimento têm
um patrimônio de R$ 555 bilhões
no Brasil. Já o crédito destinado
ao agronegócio, que traz cerca de
US$ 30 bilhões (R$ 90 bilhões) de
receitas líquidas ao país por ano, é
de apenas R$ 46 bilhões por safra.
Para mudar essa carência de
crédito no setor, governo, bancos,
corretoras e técnicos especializados em crédito agrícola se reuniram na sexta-feira na sede da Febraban (Federação Brasileira de
Bancos), em São Paulo, para discutir novos títulos de captação de
recursos.
As discussões giraram em torno
de três novos papéis, que serão
colocados no mercado por meio
de medida provisória ainda antes
da safra 2004/5. Os novos títulos
são Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA),
Letra de Crédito do Agronegócio
(LCA) e Certificado de Recebíveis
do Agronegócio (CRA). Esses títulos são vinculados a contratos
originários de negócios realizados
entre produtores rurais, cooperativas e terceiros relacionados à atividade agropecuária.
O produtor emite uma Cédula
do Produto Rural (CPR) ou uma
Nota Promissória Rural (NPR)
nas cooperativas, que emitem um
CDCA, que o levam até uma instituição financeira, que faz a venda
ao mercado.
Os CDCAs só podem ser emitidos por cooperativas de produtores rurais e de outras pessoas jurídicas que exerçam a atividade de
comercialização, beneficiamento
ou industrialização de produtos
ou insumos agropecuários ou de
máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária.
Outro título que será colocado
no mercado é a LCA, que pode ser
emitida por bancos e por cooperativas de crédito.
Já o CRA é um título que será
colocado no mercado por companhias de propósitos específicos,
como cooperativas ou indústrias,
que terão de constituir empresas
para que possam comprar os papéis agrícolas (CPR , NPR etc.).
Segundo Ademiro Vian, assessor técnico da Febraban, as CPRs
cumpriram um bom papel dentro
da porteira e esses novos papéis
que estão sendo lançados vão
criar novos mecanismos de financiamento fora da porteira.
Esses títulos servem para financiar a produção, a comercialização e os investimentos na agropecuária, diz Vian.
Para Ivan Wedekin, secretário
de Política Agrícola do Ministério
da Agricultura, esses instrumentos financeiros que estão sendo
criados têm por objetivo captar
um pedaço da poupança que está
nos fundos de investimento para
financiar o agronegócio no país.
Para o diretor de uma cooperativa do oeste do Paraná, os novos
títulos, devido à ênfase em CPRs
financeiras, podem ter boa aceitação. Os produtores, diz ele, já não
estão interessados em CPRs com
entrega de produtos porque há
um descasamento dos preços entre o período de contratação do
papel e o de entrega do produto.
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