São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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CAPTAÇÃO

Títulos serão lançados antes da safra 2004/5

Novos papéis devem atrair bancos e elevar o crédito agrícola no país

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Os fundos de investimento têm um patrimônio de R$ 555 bilhões no Brasil. Já o crédito destinado ao agronegócio, que traz cerca de US$ 30 bilhões (R$ 90 bilhões) de receitas líquidas ao país por ano, é de apenas R$ 46 bilhões por safra.
Para mudar essa carência de crédito no setor, governo, bancos, corretoras e técnicos especializados em crédito agrícola se reuniram na sexta-feira na sede da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), em São Paulo, para discutir novos títulos de captação de recursos.
As discussões giraram em torno de três novos papéis, que serão colocados no mercado por meio de medida provisória ainda antes da safra 2004/5. Os novos títulos são Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Esses títulos são vinculados a contratos originários de negócios realizados entre produtores rurais, cooperativas e terceiros relacionados à atividade agropecuária.
O produtor emite uma Cédula do Produto Rural (CPR) ou uma Nota Promissória Rural (NPR) nas cooperativas, que emitem um CDCA, que o levam até uma instituição financeira, que faz a venda ao mercado.
Os CDCAs só podem ser emitidos por cooperativas de produtores rurais e de outras pessoas jurídicas que exerçam a atividade de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos ou insumos agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária.
Outro título que será colocado no mercado é a LCA, que pode ser emitida por bancos e por cooperativas de crédito.
Já o CRA é um título que será colocado no mercado por companhias de propósitos específicos, como cooperativas ou indústrias, que terão de constituir empresas para que possam comprar os papéis agrícolas (CPR , NPR etc.).
Segundo Ademiro Vian, assessor técnico da Febraban, as CPRs cumpriram um bom papel dentro da porteira e esses novos papéis que estão sendo lançados vão criar novos mecanismos de financiamento fora da porteira.
Esses títulos servem para financiar a produção, a comercialização e os investimentos na agropecuária, diz Vian.
Para Ivan Wedekin, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, esses instrumentos financeiros que estão sendo criados têm por objetivo captar um pedaço da poupança que está nos fundos de investimento para financiar o agronegócio no país.
Para o diretor de uma cooperativa do oeste do Paraná, os novos títulos, devido à ênfase em CPRs financeiras, podem ter boa aceitação. Os produtores, diz ele, já não estão interessados em CPRs com entrega de produtos porque há um descasamento dos preços entre o período de contratação do papel e o de entrega do produto.


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