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"O patrão disse: "Você entende de faxina, e eu, de gente"'
DA REPORTAGEM LOCAL
Durante 13 anos, Maria Gorette, 50, trabalhou três vezes
por semana para uma família
que reside no bairro de Higienópolis (SP) sem ter registro
em carteira, sem receber férias
nem 13º salário. Demitida há
dois anos, Gorette decidiu correr atrás de seus direitos.
"Pedi muitas vezes para ser
registrada, mas eles não quiseram. Tenho R$ 10 mil para receber", diz ela, que cobra o dinheiro há dois anos.
Gorette esteve na última
quinta-feira no Sindicato dos
Trabalhadores Domésticos do
Município de São Paulo para
saber sobre o andamento do
processo. "Ainda não teve decisão, pois eles recorreram. Alegam que eu não tenho direito",
afirma.
Ela diz que, além de "não ter
recebido o que tem a receber
por direito", foi discriminada
pelo patrão. "Em uma situação,
dei uma opinião e o patrão disse: "Você entende de faxina, e
eu, de gente". E eu não cheguei a
colocar isso no processo, mas
deveria", afirma.
O sindicato, segundo ela,
chegou a chamar os ex-patrões
para tentar fazer um acordo,
antes de ela optar por recorrer
à Justiça.
"Só que eles nem apareceram
e aí optei por entrar com processo na Justiça."
Gorette trabalhava oito horas por dia três vezes, por semana. Hoje, com problemas de
saúde, ainda presta serviço em
uma casa, onde trabalha há cerca de 16 anos, uma vez por semana -ela ganha R$ 60 por dia.
"Não sou registrada também
nesse emprego, mas meu patrão é muito bom e o serviço
não é pesado, e está bom assim.
A minha alegria é que tenho dez
filhos e todos têm saúde. Para
que reclamar?"
(FF)
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