São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2008

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"O patrão disse: "Você entende de faxina, e eu, de gente"'

DA REPORTAGEM LOCAL

Durante 13 anos, Maria Gorette, 50, trabalhou três vezes por semana para uma família que reside no bairro de Higienópolis (SP) sem ter registro em carteira, sem receber férias nem 13º salário. Demitida há dois anos, Gorette decidiu correr atrás de seus direitos.
"Pedi muitas vezes para ser registrada, mas eles não quiseram. Tenho R$ 10 mil para receber", diz ela, que cobra o dinheiro há dois anos.
Gorette esteve na última quinta-feira no Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município de São Paulo para saber sobre o andamento do processo. "Ainda não teve decisão, pois eles recorreram. Alegam que eu não tenho direito", afirma.
Ela diz que, além de "não ter recebido o que tem a receber por direito", foi discriminada pelo patrão. "Em uma situação, dei uma opinião e o patrão disse: "Você entende de faxina, e eu, de gente". E eu não cheguei a colocar isso no processo, mas deveria", afirma.
O sindicato, segundo ela, chegou a chamar os ex-patrões para tentar fazer um acordo, antes de ela optar por recorrer à Justiça.
"Só que eles nem apareceram e aí optei por entrar com processo na Justiça."
Gorette trabalhava oito horas por dia três vezes, por semana. Hoje, com problemas de saúde, ainda presta serviço em uma casa, onde trabalha há cerca de 16 anos, uma vez por semana -ela ganha R$ 60 por dia.
"Não sou registrada também nesse emprego, mas meu patrão é muito bom e o serviço não é pesado, e está bom assim. A minha alegria é que tenho dez filhos e todos têm saúde. Para que reclamar?" (FF)


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