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"Vi depois que em dois anos nunca pagaram a contribuição"
DA REPORTAGEM LOCAL
Maristela Jesus de Aguiar,
34, foi demitida na última quarta-feira após trabalhar dois
anos na casa de uma família.
"Eles não me pagaram nada."
Todo mês, segundo ela, os patrões descontavam 8% de contribuição previdenciária de seu
salário de R$ 500.
"Vi depois que nesses dois
anos eles nunca pagaram a contribuição. Ao valor do mês passado, eles deixaram de me pagar R$ 3.000 Falei com eles,
que dizem não ter dinheiro."
Aguiar trabalhava todos os
dias das 7h às 16h e prestava
serviço completo, lavava e passava roupa, cozinhava e arrumava a casa. "Trabalhei mais do
que o horário combinado durante muitas vezes, especialmente quando eles faziam festa
e pediam para eu ficar um pouco mais. Só uma vez minha patroa me deu R$ 50 a mais porque fiquei além da hora."
A empregada doméstica, que
tem essa função desde os 15
anos, diz que foi demitida porque pegou conjuntivite e ficou
em casa por uma semana.
"Trouxe atestado médico e avisei que não podia trabalhar,
mas eles não aceitaram."
Aguiar estuda à noite, faz
curso para concluir o ensino
médio. "Quero muito mudar de
profissão, meu sonho é ser policial, é ser investigadora de polícia. É uma profissão arriscada,
mas muito bonita", diz ela.
Célia Maria Brasil da Silva,
49, que trabalha como empregada doméstica há 33 anos, já
está há quatro meses sem receber salário.
"Trabalho para duas moças e
elas dizem que estão com problema no serviço. Eu estou aqui
no sindicato [dos Trabalhadores Domésticos do Município
de São Paulo] para procurar
meus direitos", diz.
(FF)
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