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GUERRA SURDA
Oskar Lafontaine, ex-ministro alemão, diz que Alemanha e França criariam contrapeso no FMI
"Vermelho" revela plano contra os EUA
da Reportagem Local
O homem mais perigoso da Europa, segundo a definição de um
jornal inglês, acaba de fazer uma
revelação polêmica. Ex-ministro
das Finanças da Alemanha, Oskar
Lafontaine diz que seu país e a
França estavam se unindo no
Fundo Monetário Internacional
(FMI) para fazer um "contrapeso" aos interesses norte-americanos na instituição.
A revelação aparece num trecho
do livro "Das Herz Schlagt Links"
(O coração bate à esquerda), que
Lafontaine lançou há poucos dias,
na Feira de Livros de Frankfurt.
Conhecido como "Oskar, o vermelho", Lafontaine ocupou o Ministério das Finanças durante cinco meses. Ele também presidiu o
Partido Social Democrata, que
governa a Alemanha.
Segundo Lafontaine, o secretário do Tesouro norte-americano
Lawrence Summers e seu antecessor, Robert Rubin, perceberam
como a Alemanha e a França estavam se articulando para aumentar seu poder de fogo dentro do
FMI.
"Rubin e Summers claramente
reconheceram como eu e Dominique Strauss-Kahn (ministro das
Finanças da França) estávamos
fazendo um contrapeso em relação à política de considerar apenas os interesses norte-americanos", escreveu Lafontaine.
A idéia da união entre franceses
e alemães era demonstrar a força
da Europa economicamente unificada. Mas, mesmo com a união
dos votos dos dois países, o peso
norte-americano ainda seria
maior do que o da Alemanha e da
França.
Os EUA têm direito a cadeiras
na direção do Fundo, que correspondem a 18% dos votos. Franceses e alemães somariam 10,5%
dos votos e, por isso, precisariam
de mais apoio para contrabalançar a força norte-americana.
A iniciativa de tentar mudar o
foco das decisões do FMI combina com a biografia de Lafontaine.
Considerado um dos políticos localizados mais à esquerda no mapa político do poder alemão, o ex-ministro das Finanças sempre defendeu posições que irritaram os
norte-americanos.
No auge da crise asiática, Lafontaine elogiou o governo da Malásia por impor limites à movimentação de capitais financeiros. Ele
também defendeu políticas estatais de câmbio rígidas.
Em seu livro, Lafontaine também assume uma postura polêmica. Ele descreve como foi sua
passagem pelo Ministério das Finanças e faz um acerto de contas
com seus inimigos políticos, até
mesmo traçando um retrato bastante crítico do atual chanceler
Gerhard Schroeder.
Antes mesmo de ser lançado, o
livro vendeu 160 mil cópias na
Alemanha. Uma nova edição, de
100 mil exemplares, já está sendo
rodada e há encomendas e negociações para traduções para os
EUA, Grã Bretanha, França e Itália.
(RICARDO GRINBAUM)
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