São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 2002

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INOVAÇÃO

Pesquisa revela que 76% das grandes aplicam mais

Só 31,5% das empresas nacionais investem em tecnologia, diz IBGE

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

De 1998 a 2000, 31,5% das indústrias brasileiras implementaram inovações tecnológicas seja ao lançar produtos novos -ou melhorá-los- seja ao modificar seus processos de produção, até mesmo com a aquisição de máquinas e equipamentos.
Com o objetivo de inovar, o setor investiu, em média, 3,8% de seu faturamento -ou R$ 22 bilhões no ano de 2000.
Esses são alguns dos resultados da Pintec (Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica), feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia. Trata-se do primeiro levantamento brasileiro com abrangência nacional sobre inovação tecnológica.
Em números absolutos, 22,7 mil empresas inovaram, num universo de 72 mil indústrias -ou seja, 68,5% não recorreram a novas tecnologias.
A Pintec mostra ainda que a inovação no Brasil está concentrada na compra de bens de capital. Do total gasto com incorporação de tecnologia em 2000, 52,22% foram aplicados em máquinas e equipamentos. Para pesquisa e desenvolvimento de projetos, a parcela destinada ficou em 16,75%.
Por ser a primeira pesquisa realizada, a única comparação possível é com outros países. Segundo o IBGE, na Espanha, que tem uma estrutura industrial parecida com a brasileira, 34,8% das indústrias inovaram de 1998 a 2000. Lá, o gasto médio com tecnologia ficou em 1,9% da receita das indústrias.
O IBGE adotou uma metodologia recomendada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, órgão que congrega as nações mais ricas do planeta), usada por países da União Européia. Portanto é comparável com a pesquisa espanhola.
"O número de empresas que investiram em inovação foi maior do que eu esperava. Bate com as pesquisas feitas na Europa, nas quais o percentual de inovação varia de 30% a 40%", disse Victor Prochinick, professor de economia da tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Grandes investem mais
A Pintec confirma o que o setor produtivo já esperava: o avanço tecnológico está concentrado nas grandes empresas. Apenas 26,6% das indústrias com 10 a 49 empregados aplicaram em tecnologia. Nas com mais de 500 funcionários, o percentual foi de 75,6%.
Segundo Wasmália Bivar, técnica do IBGE responsável pela pesquisa, o resultado já era esperado. Ela ressalta que as grandes empresas também investem em pesquisa de modo contínuo, enquanto que as pequenas, de forma esporádica.

Processo e produto
Das empresas que inovaram, 11,28% agregaram tecnologia simultaneamente em produtos e no processo de produção. Do total, 6,30% inovaram só em produto e 13,94%, em processo.
Dos produtos lançados, porém, apenas 4,13% são realmente inéditos no mercado nacional. Em processos, o percentual é 2,78%.
De acordo com Bivar, o conceito de inovação usado é o de ser novo para a empresa. Ela afirmou que por esse critério a pesquisa incorporou também a chamada "engenharia reversa" -ou seja, a cópia que empresas fazem de produtos já lançados.

Tradicionais se destacam
Apesar de o setor de informática liderar o processo de incorporação de novas tecnologias, o destaque da Pintec ficou com os ramos tradicionais da indústria, como refino de petróleo e celulose, que tiveram altas taxas de inovação.
"Tem um grupo de setores intensivos em capital [os tradicionais] que está inovando muito. Já os intensivos em tecnologia [informática] deveriam ter inovado muito mais", afirmou Jorge Britto, professor de economia da tecnologia da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Segundo o IBGE, alguns ramos de bens intermediários e que usam matérias-primas extraídas naturais tiveram bom desempenho. É o caso dos setores de refino de petróleo (39,4%), celulose (51,8%), química (46%) e borracha e plástico (39,7%).
Os líderes em inovação foram informática (68,5%), eletrônica (62,9%) e equipamentos de comunicação (62,1%).


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