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INOVAÇÃO
Pesquisa revela que 76% das grandes aplicam mais
Só 31,5% das empresas nacionais investem em tecnologia, diz IBGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De 1998 a 2000, 31,5% das indústrias brasileiras implementaram
inovações tecnológicas seja ao
lançar produtos novos -ou melhorá-los- seja ao modificar seus
processos de produção, até mesmo com a aquisição de máquinas
e equipamentos.
Com o objetivo de inovar, o setor investiu, em média, 3,8% de
seu faturamento -ou R$ 22 bilhões no ano de 2000.
Esses são alguns dos resultados
da Pintec (Pesquisa Industrial -
Inovação Tecnológica), feita pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria
com o Ministério da Ciência e
Tecnologia. Trata-se do primeiro
levantamento brasileiro com
abrangência nacional sobre inovação tecnológica.
Em números absolutos, 22,7 mil
empresas inovaram, num universo de 72 mil indústrias -ou seja,
68,5% não recorreram a novas
tecnologias.
A Pintec mostra ainda que a
inovação no Brasil está concentrada na compra de bens de capital. Do total gasto com incorporação de tecnologia em 2000,
52,22% foram aplicados em máquinas e equipamentos. Para pesquisa e desenvolvimento de projetos, a parcela destinada ficou em
16,75%.
Por ser a primeira pesquisa realizada, a única comparação possível é com outros países. Segundo
o IBGE, na Espanha, que tem uma
estrutura industrial parecida com
a brasileira, 34,8% das indústrias
inovaram de 1998 a 2000. Lá, o
gasto médio com tecnologia ficou
em 1,9% da receita das indústrias.
O IBGE adotou uma metodologia recomendada pela OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico,
órgão que congrega as nações
mais ricas do planeta), usada por
países da União Européia. Portanto é comparável com a pesquisa espanhola.
"O número de empresas que investiram em inovação foi maior
do que eu esperava. Bate com as
pesquisas feitas na Europa, nas
quais o percentual de inovação
varia de 30% a 40%", disse Victor
Prochinick, professor de economia da tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Grandes investem mais
A Pintec confirma o que o setor
produtivo já esperava: o avanço
tecnológico está concentrado nas
grandes empresas. Apenas 26,6%
das indústrias com 10 a 49 empregados aplicaram em tecnologia.
Nas com mais de 500 funcionários, o percentual foi de 75,6%.
Segundo Wasmália Bivar, técnica do IBGE responsável pela pesquisa, o resultado já era esperado.
Ela ressalta que as grandes empresas também investem em pesquisa de modo contínuo, enquanto que as pequenas, de forma esporádica.
Processo e produto
Das empresas que inovaram,
11,28% agregaram tecnologia simultaneamente em produtos e no
processo de produção. Do total,
6,30% inovaram só em produto e
13,94%, em processo.
Dos produtos lançados, porém,
apenas 4,13% são realmente inéditos no mercado nacional. Em
processos, o percentual é 2,78%.
De acordo com Bivar, o conceito de inovação usado é o de ser
novo para a empresa. Ela afirmou
que por esse critério a pesquisa
incorporou também a chamada
"engenharia reversa" -ou seja, a
cópia que empresas fazem de produtos já lançados.
Tradicionais se destacam
Apesar de o setor de informática
liderar o processo de incorporação de novas tecnologias, o destaque da Pintec ficou com os ramos
tradicionais da indústria, como
refino de petróleo e celulose, que
tiveram altas taxas de inovação.
"Tem um grupo de setores intensivos em capital [os tradicionais] que está inovando muito. Já
os intensivos em tecnologia [informática] deveriam ter inovado
muito mais", afirmou Jorge Britto, professor de economia da tecnologia da UFF (Universidade Federal Fluminense).
Segundo o IBGE, alguns ramos
de bens intermediários e que
usam matérias-primas extraídas
naturais tiveram bom desempenho. É o caso dos setores de refino
de petróleo (39,4%), celulose
(51,8%), química (46%) e borracha e plástico (39,7%).
Os líderes em inovação foram
informática (68,5%), eletrônica
(62,9%) e equipamentos de comunicação (62,1%).
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