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Brasil começa corrida por espaço no setor
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A despeito da concorrência com
indústrias de terceirização de serviços de países como Índia, Irlanda e Filipinas, o Brasil, ainda que
timidamente, começa a corrida
pelo acesso a mercados no setor.
A produção de softwares e a instalação de call centers para o atendimento de clientes de empresas
estrangeiras, por exemplo, estão
entre os segmentos que alguns
empresários brasileiros pretendem conquistar.
Sediada em Belo Horizonte, a
Vetta Technologies, que tem
100% de capital nacional, foi criada em 2001 com o objetivo de desenvolver softwares para empresas nos EUA. Hoje, o crescimento
do faturamento da Vetta é de
aproximadamente 80% ao ano.
"A concorrência é grande. A Índia ainda é muito competitiva,
mas o desenvolvimento de software hoje é uma commodity como outra qualquer e acredito que
temos muitas chances", avaliou
Thiago Maia, um dos sócios da
empresa.
A também brasileira CSU TeleSystem é outro exemplo. Depois
de 12 anos no setor de call center
com clientes brasileiros, neste ano
os funcionários da empresa passaram a atender clientes de uma
agência de turismo norte-americana e de uma rede de hotéis também dos EUA. "Recebemos uma
média de 11 mil ligações por mês.
Todos os nossos funcionários são
bilíngües e atuam não só no atendimento [a dúvidas] mas também
no oferecimento de pacotes e de
outros benefícios", afirmou Marco Antônio Theodoro, diretor comercial da empresa.
De acordo com o empresário, a
CSU está em fase de negociação
de mais 18 contratos com companhias estrangeiras.
Apesar do entusiasmo, segundo
Ricardo Mendes, da Prospectiva
consultoria, esses casos são exceção. "Na maioria das vezes, são
empresas [multinacionais] que já
têm presença no Brasil que transferem parte de suas operações para cá. Casos de empresas brasileiras que competem nesse mercado
de offshore são raridade."
Pouco projeto
Estudo elaborado pela Unctad
(Conferência das Nações Unidas
para o Comércio e Desenvolvimento) entre 2002 e 2003 revela
que havia 60 projetos para exportação de serviços na Índia com recursos de investimentos estrangeiros diretos. Para o Brasil, o número de projetos era apenas seis.
Carlos Bretos, vice-presidente
da HP services, credita o descompasso entre o volume de operações na Índia e no Brasil ao desconhecimento das empresas estrangeiras sobre o mercado brasileiro.
"O Brasil tem que se posicionar
melhor e criar uma marca."
Entre os projetos, a empresa gerencia, a partir do Brasil, as operações de serviços de tecnologia da
gigante do setor farmacêutico Novartis em 14 países da América Latina. "A proximidade com o fuso
horário dos EUA, a qualidade da
mão-de-obra e da infra-estrutura
aqui são grandes vantagens para o
Brasil", argumentou o executivo.
Marco Stefanini, da empresa de
serviços de tecnologia da informação Stefanini, entretanto, afirma que o idioma, ou melhor, a falta de mão-de-obra com inglês ou
espanhol fluentes, ainda é uma
barreira importante.
Mas Marcelo França, da filial
brasileira da empresa americana
de call center TeleTech, discorda.
"O Brasil é bastante competitivo
em operações complexas em inglês." A empresa tem 2.500 funcionários bilíngües no Brasil.
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