São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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ESPUMA RICA

Microcervejarias oferecem bebidas com fórmulas tradicionais para evitar monopólio das "pilsen"

Artesanal segue "Lei de Pureza da Baviera"

DA REDAÇÃO

O crescimento da cervejas especiais não está restrito às grandes corporações. Ainda incipiente, o setor de cervejarias artesanais também contribui para ampliar a difusão da cultura da cerveja e de novas marcas.
Com mestres cervejeiros formados na Alemanha e seguindo as normas da "Lei de Pureza da Baviera" (padrões técnicos de produção, como tempo de maturação e ingredientes) para fabricar as cervejas, tentam oferecer uma opção ao que chamam de "escravidão da "pilsen'".
Para o consultor especializado em cervejas Reynaldo Fogagnolli, o principal diferencial das microcervejarias é o de oferecer um produto com sabores diferentes dos produtos tradicionais das grandes empresas. "Hoje, eu desafio qualquer mestre cervejeiro a diferenciar duas cervejas pilsen tradicionais em um teste cego. São muito parecidas", afirmou.
Com o objetivo de "fugir da escravidão da "pilsen'", o economista Joca Muller criou, há dois anos, o bar Devassa, no Rio de Janeiro. Há um ano, o bar produz e vende sua própria cerveja, que, segundo Muller, tem uma fórmula entre as tradicionais cervejas alemãs e o chope.
"É uma adaptação ao clima tropical do Rio de Janeiro", disse o sócio da cervejaria, que recentemente ampliou sua capacidade para produzir 700 mil litros de cerveja por ano.
Como as grandes cervejarias, as artesanais cobram um preço maior pelo produto. A diferença, todavia, é compensada por um produto feito com mais qualidade e cuidado, diz o consultor. O professor Fábio Augusto concorda. "Vale a pena pagar mais. Não vou tomá-las todo dia, mas, para degustar, compensa."
O gerente financeiro Ayrton Moreira prefere acompanhar suas refeições com as artesanais aos vinhos. "Para tomar um bom vinho, tenho de pagar mais de R$ 100. Uma artesanal de qualidade custa R$ 10", disse.
Segundo Aldo Bergamasco, sócio da cervejaria Baden Baden, de Campos do Jordão, "os clientes costumam servir a Baden Baden para degustação, ao lado de vinhos, durante jantares".
A Eisenbahn, de Blumenau (SC), costuma participar de eventos de gastronomia nos quais procura ensinar aos visitantes quais os melhores tipos de cerveja para cada alimento.
Segundo a empresa, os clientes buscam características artesanais, o que os levou a produzir uma cerveja 100% orgânica.
O caráter artesanal das microcervejarias fica claro no método de produção. "As receitas são preservadas, e os prazos, cumpridos. Numa fábrica comum, a cerveja fica pronta em nove dias; numa artesanal, esse prazo chega a 60 dias", disse Fogagnolli.
Segundo o mestre cervejeiro da Baden Baden, Carlos Hauser, 70, cuja família há quatro gerações fabrica cerveja, em suas receitas não são incluídas misturas. "Não usamos adjuntos [misturas para acelerar o processo e barateá-lo]. A cerveja é feita só com malte importado." Hauser, que trabalhou mais de 40 anos em grandes cervejarias, diz que numa pequena tem mais liberdade. "Nas grandes, temos que cumprir à risca as fórmulas das cervejas da empresa." (MP)


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