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ESPUMA RICA
Microcervejarias oferecem bebidas com fórmulas tradicionais para evitar monopólio das "pilsen"
Artesanal segue "Lei de Pureza da Baviera"
DA REDAÇÃO
O crescimento da cervejas especiais não está restrito às grandes corporações. Ainda incipiente, o setor de cervejarias artesanais também contribui para
ampliar a difusão da cultura da
cerveja e de novas marcas.
Com mestres cervejeiros formados na Alemanha e seguindo
as normas da "Lei de Pureza da
Baviera" (padrões técnicos de
produção, como tempo de maturação e ingredientes) para fabricar as cervejas, tentam oferecer uma opção ao que chamam
de "escravidão da "pilsen'".
Para o consultor especializado
em cervejas Reynaldo Fogagnolli, o principal diferencial das microcervejarias é o de oferecer um
produto com sabores diferentes
dos produtos tradicionais das
grandes empresas. "Hoje, eu desafio qualquer mestre cervejeiro
a diferenciar duas cervejas pilsen
tradicionais em um teste cego.
São muito parecidas", afirmou.
Com o objetivo de "fugir da escravidão da "pilsen'", o economista Joca Muller criou, há dois
anos, o bar Devassa, no Rio de
Janeiro. Há um ano, o bar produz e vende sua própria cerveja,
que, segundo Muller, tem uma
fórmula entre as tradicionais
cervejas alemãs e o chope.
"É uma adaptação ao clima
tropical do Rio de Janeiro", disse
o sócio da cervejaria, que recentemente ampliou sua capacidade para produzir 700 mil litros
de cerveja por ano.
Como as grandes cervejarias,
as artesanais cobram um preço
maior pelo produto. A diferença,
todavia, é compensada por um
produto feito com mais qualidade e cuidado, diz o consultor. O
professor Fábio Augusto concorda. "Vale a pena pagar mais.
Não vou tomá-las todo dia, mas,
para degustar, compensa."
O gerente financeiro Ayrton
Moreira prefere acompanhar
suas refeições com as artesanais
aos vinhos. "Para tomar um
bom vinho, tenho de pagar mais
de R$ 100. Uma artesanal de
qualidade custa R$ 10", disse.
Segundo Aldo Bergamasco,
sócio da cervejaria Baden Baden,
de Campos do Jordão, "os clientes costumam servir a Baden Baden para degustação, ao lado de
vinhos, durante jantares".
A Eisenbahn, de Blumenau
(SC), costuma participar de
eventos de gastronomia nos
quais procura ensinar aos visitantes quais os melhores tipos de
cerveja para cada alimento.
Segundo a empresa, os clientes
buscam características artesanais, o que os levou a produzir
uma cerveja 100% orgânica.
O caráter artesanal das microcervejarias fica claro no método
de produção. "As receitas são
preservadas, e os prazos, cumpridos. Numa fábrica comum, a
cerveja fica pronta em nove dias;
numa artesanal, esse prazo chega a 60 dias", disse Fogagnolli.
Segundo o mestre cervejeiro
da Baden Baden, Carlos Hauser,
70, cuja família há quatro gerações fabrica cerveja, em suas receitas não são incluídas misturas. "Não usamos adjuntos [misturas para acelerar o processo e
barateá-lo]. A cerveja é feita só
com malte importado." Hauser,
que trabalhou mais de 40 anos
em grandes cervejarias, diz que
numa pequena tem mais liberdade. "Nas grandes, temos que
cumprir à risca as fórmulas das
cervejas da empresa."
(MP)
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