São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2007

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Produção da indústria é a maior em 3 anos

Segundo a CNI, mercado interno impulsiona setor, mas perspectivas para exportações são negativas em razão do dólar fraco

Uso da capacidade instalada cresce, mas setor não vê riscos; sondagem também aponta aumento no número de pessoas contratadas

MARINA FALEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A indústria brasileira registrou no terceiro trimestre deste ano o melhor nível de produção dos últimos três anos, de acordo com estudo divulgado ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Além disso, a utilização da capacidade instalada das empresas também cresceu e alcançou 77%, dois pontos percentuais acima do registrado no mesmo período de 2006.
Conforme a pesquisa da CNI, o indicador de evolução da produção alcançou 58,2 pontos no terceiro trimestre deste ano, contra 53,9 pontos no mesmo período de 2006. "O setor consolida uma trajetória de expansão e está no terceiro ano de crescimento, o que mostra que teremos o melhor Natal dos últimos anos", diz Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da CNI.
Em relação à capacidade instalada, ele afirma que a indústria ainda não atingiu um patamar problemático. "As empresas estão preocupadas em continuar crescendo e, se houver um custo de capital mais baixo e desoneração de investimentos, esse ponto vai melhorar ainda mais."
A capacidade instalada reflete qual quantidade de produtos uma indústria é capaz de fabricar com as máquinas e as unidades que tem. Quanto menor o uso, maior a possibilidade de a indústria atender ao crescimento da demanda sem provocar aumento nos preços.
A Fiesp também não avalia os números como um risco. "Nós consideramos isso muito bom, é extremamente virtuoso utilizar esse nível, porque isso inspira investimentos, o que já reflete em alta no setor de máquinas e equipamentos", diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A sondagem da CNI apontou também aumento no número de empregados na indústria. O indicador passou de 52,6 pontos no segundo trimestre para 53,8 pontos no terceiro trimestre. Segundo Francini, é justamente o aumento de renda e o emprego que aquece a demanda interna. "E isso é turbinado pela expansão do crédito, já que, com mais prazo para pagar, as pessoas conseguem colocar mais produtos dentro da sua renda."

Mercado externo
O dólar abaixo de R$ 1,80, no entanto, continua sendo apontado como ameaça para o futuro da indústria. O estudo mostra que o mercado interno tem segurado a alta da produção, mas as expectativas de aumento das exportações estão em queda.
"A taxa de câmbio valorizada se torna gradativamente um problema, já que o número de empresas exportadoras está diminuindo", diz Castelo Branco.
Por conta disso, alguns setores não têm acompanhado o crescimento da indústria, como o de calçados, móveis e têxteis. Castelo Branco diz que esse resultado causa certo receio, porque até 2004 foram justamente as exportações que puxaram o crescimento da indústria. "Precisamos de equilíbrio entre o mercado doméstico e o externo para dar sustentabilidade à indústria."
Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ainda alerta para a concentração das exportações nas commodities, o que pode levar à queda do saldo da balança comercial no futuro. "É importante que a participação no mercado externo seja permanente, pois já estamos perdendo nas vendas externas de produtos manufaturados."


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