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Produção da indústria é a maior em 3 anos
Segundo a CNI, mercado interno impulsiona setor, mas perspectivas para exportações são negativas em razão do dólar fraco
Uso da capacidade instalada cresce, mas setor não vê riscos; sondagem também aponta aumento no número de pessoas contratadas
MARINA FALEIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A indústria brasileira registrou no terceiro trimestre deste
ano o melhor nível de produção
dos últimos três anos, de acordo com estudo divulgado ontem pela CNI (Confederação
Nacional da Indústria).
Além disso, a utilização da
capacidade instalada das empresas também cresceu e alcançou 77%, dois pontos percentuais acima do registrado
no mesmo período de 2006.
Conforme a pesquisa da CNI,
o indicador de evolução da produção alcançou 58,2 pontos no
terceiro trimestre deste ano,
contra 53,9 pontos no mesmo
período de 2006. "O setor consolida uma trajetória de expansão e está no terceiro ano de
crescimento, o que mostra que
teremos o melhor Natal dos últimos anos", diz Flávio Castelo
Branco, gerente-executivo de
Política Econômica da CNI.
Em relação à capacidade instalada, ele afirma que a indústria ainda não atingiu um patamar problemático. "As empresas estão preocupadas em continuar crescendo e, se houver
um custo de capital mais baixo
e desoneração de investimentos, esse ponto vai melhorar
ainda mais."
A capacidade instalada reflete qual quantidade de produtos
uma indústria é capaz de fabricar com as máquinas e as unidades que tem. Quanto menor
o uso, maior a possibilidade de
a indústria atender ao crescimento da demanda sem provocar aumento nos preços.
A Fiesp também não avalia os
números como um risco. "Nós
consideramos isso muito bom,
é extremamente virtuoso utilizar esse nível, porque isso inspira investimentos, o que já reflete em alta no setor de máquinas e equipamentos", diz Paulo
Francini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo).
A sondagem da CNI apontou
também aumento no número
de empregados na indústria. O
indicador passou de 52,6 pontos no segundo trimestre para
53,8 pontos no terceiro trimestre. Segundo Francini, é justamente o aumento de renda e o
emprego que aquece a demanda interna. "E isso é turbinado
pela expansão do crédito, já
que, com mais prazo para pagar, as pessoas conseguem colocar mais produtos dentro da
sua renda."
Mercado externo
O dólar abaixo de R$ 1,80, no
entanto, continua sendo apontado como ameaça para o futuro da indústria. O estudo mostra que o mercado interno tem segurado a alta da produção,
mas as expectativas de aumento das exportações estão em
queda.
"A taxa de câmbio valorizada
se torna gradativamente um
problema, já que o número de
empresas exportadoras está diminuindo", diz Castelo Branco.
Por conta disso, alguns setores não têm acompanhado o
crescimento da indústria, como o de calçados, móveis e têxteis. Castelo Branco diz que esse resultado causa certo receio,
porque até 2004 foram justamente as exportações que puxaram o crescimento da indústria. "Precisamos de equilíbrio entre o mercado doméstico e o
externo para dar sustentabilidade à indústria."
Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), ainda alerta para a
concentração das exportações
nas commodities, o que pode
levar à queda do saldo da balança comercial no futuro. "É importante que a participação no
mercado externo seja permanente, pois já estamos perdendo nas vendas externas de produtos manufaturados."
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