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São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

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SOB SUSPEITA

Risco de alastramento da doença no país é pequeno, diz governo

EUA aumentam vigilância contra o mal da vaca louca

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

O Departamento de Agricultura dos EUA divulgou ontem uma lista de medidas para aumentar a vigilância na produção e na comercialização de carne do país.
A decisão visa reforçar a segurança alimentar contra o surgimento de doenças como o mal da vaca louca no rebanho americano, diz o governo.
Uma das principais ações anunciadas diz respeito ao banimento do uso de partes de bovinos com qualquer tipo de doença no processo de beneficiamento de carne.
A secretária de Agricultura, Ann Veneman, disse também que o uso de tecidos do intestino, da cabeça e da coluna de animais com mais de 30 meses de idade será proibido. O motivo é que esses animais podem ter sido alimentados com ração à base de tecidos do cérebro e da coluna vertebral de outros animais contaminados.
Hoje a prática é proibida nos EUA e no Canadá. Segundo especialistas, o mal da vaca louca atinge apenas áreas relacionadas ao sistema nervoso central dos animais, como partes do cérebro, da medula espinhal e nervos.
Veneman afirmou ainda que estão previstas mudanças no sistema de processamento de carnes. As medidas entrarão em vigor "imediatamente após a publicação", afirmou Veneman. A data exata, contudo, não foi divulgada. A secretária disse também que o risco de alastramento da doença pelo país é "bastante baixo".
Apesar das medidas de segurança, importadores continuam desconfiados. O destino de 2.200 contêineres com carne bovina americana, que estão a caminho da Ásia, permanece incerto. Com o surgimento do primeiro caso do mal da vaca louca nos EUA, há fortes indícios de que Japão e Coréia do Sul não irão aceitar a mercadoria.
"Com 19 toneladas por contêiner, esse embarque representa algo entre 40,8 mil e 45,4 mil toneladas", disse John N. Simmons Jr., executivo da Swift & Co. ao jornal "Washington Post".
A empresa, que é uma das três maiores processadoras de carne nos EUA, detém uma parte significativa do carregamento que se encontra no oceano Pacífico. "Se o Japão e a Coréia não aceitarem essa carne, isso custará US$ 300 milhões", diz.
Os países asiáticos ainda não informaram as medidas que pretendem tomar com relação a essa mercadoria. Os produtos foram embarcados antes do anúncio do primeiro caso de vaca louca nos EUA. A possibilidade de rejeição assusta os exportadores, já que a comercialização de carne congelada é um dos pontos fortes da indústria de processamento americana. "Estamos esperançosos de que o produto seja aceito, pois o embarcamos antes dos banimentos desses países", declarou o porta-voz da Tyson Foods Inc.
No início da semana, o Japão anunciou que não pretende importar carne bovina americana até que melhore o sistema de segurança alimentar nos EUA.
Ontem, o governo da Coréia do Sul também decidiu manter o embargo. A barreira à importação de carne americana já foi seguida por 31 países até o momento, incluindo o Brasil. Boa parte dos contêineres da Swift deve chegar a seus destinatários nos próximos dias. Alguns já estão estocados nos países importadores à espera de uma decisão oficial.



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