|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bolsa de SP tem o melhor ano desde 2003
Mercado acionário brasileiro tem a maior valorização do mundo neste ano; analistas têm dúvidas sobre perspectiva para 2010
Com efeito do juro menor, poupança se tornou em 2009 o investimento conservador mais rentável para os pequenos aplicadores
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
A Bolsa brasileira foi o melhor investimento financeiro
de 2009 -ano que começou
com forte incerteza quanto à
capacidade das empresas de gerar lucro durante a crise, mas
que termina próximo do recorde histórico obtido em 2008.
No ano, a Bolsa de SP subiu
82,7%, a maior alta desde os
97,3% de 2003, primeiro ano
do governo Lula e que recuperou as perdas com a turbulência eleitoral de 2002.
Passado o pior da crise, o
mercado acionário brasileiro
desponta como o de melhor desempenho no mundo, com os
principais investidores do planeta de olho no que acontece
no Brasil. De longe, a Bolsa brasileira foi a de maior rentabilidade, com uma valorização em
dólar de 142,7%, à frente de
mercados emergentes como
Rússia (113,2%), Índia (87,2%)
e China (79,2%).
Mais: a Bovespa é um dos
mercados que mais se aproximam do seu recorde recente.
Hoje, a diferença em relação ao
pico, de maio de 2008 (73.516
pontos), é de 6,7%. Na Bolsa de
Xangai (China), por exemplo,
essa distância é de 46,5%.
Essa situação se repete nos
mercados dos países desenvolvidos, epicentro da crise. O
principal índice da Bolsa de
Nova de York, o Dow Jones, está atualmente 25,7% abaixo do
seu último recorde. Em Tóquio,
a queda é de 42,3%.
Para o investidor estrangeiro, responsável por dois terços
dos negócios na BM&FBovespa, investir na Bolsa brasileira
rende, além do ganho de 82,7%
em moeda local, a variação de
33,9% do real em relação ao dólar, também a maior valorização cambial de todo o planeta.
O bom momento do mercado
financeiro brasileiro é atribuído pelos analistas a uma conjunção de fatores positivos: saída mais rápida da recessão,
mercado interno vigoroso, recuperação no preço das commodities e perspectiva de expansão de 5% a 6% em 2010,
além da depreciação internacional do dólar americano.
Esse último fator estimula os
fundos internacionais a comprar ativos reais -como ações,
commodities, moedas e imóveis- para se proteger da desvalorização cambial.
Para Fabio Colombo, administrador independente de investimentos, a alta da Bovespa
em 2009 decorre ainda de um
movimento natural de recuperação de preço das ações, que
desceram a patamares muito
baixos no fim de 2008.
"Com a queda que ocorreu
em 2008, a chance de este ano
ser bom para a Bolsa era bastante alta. Agora, inverte-se o
processo para 2010: a probabilidade de ser um ano bom para
a Bolsa ficou bastante baixa."
"Muitas ações subiram, e
muito, mas estão longe do que
estavam em maio de 2008. Isso
é muito verdadeiro com ações
como Vale e Petrobras. Nas
empresas voltadas ao mercado
interno, o nível já foi superado.
Tudo isso se deve à perspectiva
de que ocorra crescimento de
5% a 6% em 2010", diz Reginaldo Alexandre, presidente da
Apimec-SP (associação dos
analistas de mercado).
Poupança
Além da Bolsa, 2009 ficará
lembrado como o ano em que a
caderneta de poupança se tornou o investimento conservador mais rentável para o pequeno aplicador. Com os juros básicos abaixo de 9,5% (terminou
o ano em 8,75%), a maioria dos
fundos DI e de renda fixa com
taxas de administração acima
de 2% passou a ter rendimento
líquido abaixo dos 6,17% mais
TR, mínimos e isentos de IR, da
poupança. No ano, a poupança
teve ganho de 6,92%.
Já os fundos DI, que seguem
a variação da taxa Selic, tiveram
rendimento bruto de 10,31% no
ano, até o dia 24, último dado
disponível. A taxa não desconta
o Imposto de Renda, que varia
de 15% a 22,5%, dependendo do
prazo de resgate.
No caso dos fundos de renda
fixa, que carregam papéis prefixados, o retorno médio no período foi de 10,02%. Os CDBs
para grande investidores tiveram alta de 10,37%.
Do lado oposto, fundos cambiais e moedas fortes como dólar e euro tiveram todos desempenhos negativos. O dólar comercial recuou 25,32% no ano,
e o euro, 24,39%.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Ibovespa: Empresas de Eike e de imóveis entram no índice Índice
|