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Real lidera em valorização no mundo
Moeda é a que mais sobe em relação ao dólar, euro, iene e libra, superando até países que evitaram recessão, como a Austrália
Segundo Goldman Sachs,
movimento de alta do real
na comparação com o dólar
deve persistir ao menos até
o segundo semestre de 2011
Toru Hanai - 26.nov.09/Reuters
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Em Tóquio, fotógrafos tiram retrato da cotação do iene em relação ao dólar, que atingiu em novembro o menor patamar em 14 anos
DA REDAÇÃO
Apesar das ações do governo
brasileiro, o real terminou o
ano como a moeda que mais se
valorizou em relação às principais divisas globais (dólar, euro,
iene, libra e franco suíço).
Segundo levantamento feito
pela Bloomberg com 51 das
principais divisas globais, o real
lidera a lista de alta na comparação com todas as principais
moedas que compõem o comércio global. Mesmo Austrália e Coreia do Sul, países que,
ao contrário do Brasil, conseguiram evitar a recessão econômica, não tiveram altas tão expressivas de suas moedas.
Na comparação com a moeda
dos EUA, o real acumula alta de
33,9%, seguido pelo dólar australiano e pelo rand, da África
do Sul. A maior valorização, porém, ocorreu em relação ao iene: 35,6%. A menor, de 21%, foi
registrada ante a libra. A alta do
real na comparação com o euro
foi de 29,6%.
Parte da explicação se deve
ao bom momento da economia
brasileira (uma das primeiras a
sair da recessão), o que atrai investidores estrangeiros, e às
preocupações com os países
desenvolvidos, que, em sua
maioria, saíram da crise com
suas contas desajustadas, depois de gastarem trilhões de
dólares para conter o declínio.
Outro fator são os juros altos.
Os investidores internacionais,
em um movimento chamado
"carry trade", estão se aproveitando dos juros muito baixos
nos países ricos (nos Estados
Unidos, por exemplo, a taxa é a
menor da história) para pegar
empréstimos e reinvestir o dinheiro em ativos -moeda,
ações etc.- de países com taxas
mais altas.
A alta do real é prejudicial sobretudo para o setor exportador, na medida em que os produtos brasileiros se tornam
mais caros no exterior (são necessários mais dólares para adquirir a mesma quantidade em
real), prejudicando sua competitividade.
E a previsão é que a tendência de valorização do real continue no ano que vem, mesmo
com as intervenções do governo brasileiro, que, em outubro,
implantou a cobrança de 2% de
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) sobre capital estrangeiro -além das aquisições
de dólar por parte do Banco
Central, que colaboraram para
que as reservas internacionais
saltassem de US$ 206,8 bilhões, no fim de 2008, para US$
238,7 bilhões, até anteontem.
O banco americano Goldman
Sachs afirmou, no dia 15 deste
mês, que não há sinais no curto
prazo de que o real vai deixar de
se apreciar, especialmente em
relação ao dólar. Para a instituição, a moeda brasileira só deve
sofrer pressões "consideráveis"
do dólar a partir do segundo semestre de 2011 -isso na previsão mais otimista.
No estudo, o banco disse ainda que o real é a moeda mais sobrevalorizada do mundo e que
essa alta se deve aos bons resultados da economia do país, enquanto o mundo desenvolvido
ainda patina.
(ÁLVARO FAGUNDES)
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