Índice geral Empregos
Empregos
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Profissionais são disputados lá fora

Mercado busca brasileiros por estarem acostumados a 'trabalhar com rapidez e pouca verba'

DE SÃO PAULO

Não é novidade que a publicidade brasileira costuma arrebatar troféus mundo afora em premiações internacionais. No tradicional Festival Cannes Lions, o mais importante da indústria, as agências daqui somaram 68 prêmios no ano passado, recorde histórico.

A boa fama do país nesse segmento torna a mão de obra disputada no exterior e leva profissionais a países distantes e com línguas -e até alfabetos- bem diferentes do nosso.

O diretor de criação Jaime Mandelbaum, 28, é um deles.

Em Praga há sete anos, ele chegou ao posto de diretor de criação da Young & Rubicam da República Tcheca.

As diferenças culturais, às vezes, dificultam o trabalho, diz ele. Campanhas de Natal, por exemplo, são sempre complexas. Motivo: os tchecos não se importam com símbolos como o Papai Noel ou a ceia natalina.

Lá, a tradição da data é comprar uma carpa viva e deixá-la na banheira de casa por alguns dias até o momento do jantar. A solução, conta o publicitário, é criar peças com neve.

Rafael Guida, 29, trabalha na TBWA de Dubai (Emirados Árabes Unidos) e faz campanhas para outros países do Oriente Médio, nas quais precisa esconder o cabelo das mulheres. Outra peculiaridade é que a agência não aceita contas de empresas de bebidas alcoólicas, que são, tradicionalmente, grandes clientes no Brasil.

Não é por salário que os brasileiros vão para países longínquos.

No exterior, dizem, paga-se menos. "E a cidade é cara, mais do que São Paulo", afirma Lucas Zaiden, 22, que vive em Moscou. Ele conta que desembolsa US$ 2.500 pelo aluguel de um apartamento de um cômodo.

Apesar de não ganhar o mesmo que um profissional como ele aqui, Guida diz gostar do estilo de vida em Dubai. "Seria difícil ter que voltar ao Brasil."

De modo geral, a intenção desses profissionais é crescer em países onde a publicidade está menos desenvolvida. "Aqui [Rússia] é o Brasil há dez anos. Não há [máquina de] cartão de crédito em todos os lugares, por exemplo", compara Zaiden.

"Nosso objetivo é tentar trazer prêmios para cá", diz Andreas Toscano, 33, diretor de criação da Lowe Moscou. Segundo ele, por conta disso, os clientes também são mais dispostos a arriscar.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.