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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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FUNCIONÁRIOS NA LINHA

Verba destinada à comunicação corporativa beira R$ 1,2 bi no país

Empresas investem para ouvir empregados

Fernando Moraes/Folha Imagem
Guilherme Athia, que atua há 15 anos com comunicação corporativa, área vista como estratégica


ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A célebre expressão "botar a boca no trombone" entrou para o rol de preocupações dos gestores de grandes empresas em relação às equipes. Por mais estranho que pareça, em dezenas de organizações presentes no país já há profissionais encarregados de criar formas de fazer o "clamor" dos funcionários chegar diretamente aos ouvidos do alto escalão.
E esse não é serviço para amadores. A área de comunicação corporativa pouco a pouco vem se firmando como estratégica dentro das companhias. Reflexo disso são os investimentos de R$ 1,2 bilhão que o setor recebeu em 2002 no Brasil, segundo pesquisa concluída em fevereiro pela Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial).
O estudo, obtido com exclusividade pela Folha, ouviu cem corporações com filiais ou sede no Brasil e que faturaram, juntas, mais de US$ 170 bilhões em 2001.
A proposta agora é enterrar a velha prática do "telefone sem fio", que acaba gerando rumores e boatos daninhos às empresas.
"Não há nada pior que a "rádio-peão", em que o corpo de funcionários sabe mais que a diretoria. E, mais grave, geralmente de forma distorcida", afirma Patrícia Molino, 36, diretora da KPMG.

Interatividade
Além dos tradicionais boletins e jornais internos, as empresas hoje dispõem de meios eletrônicos, como intranet, painéis, terminais e telas digitais, sem contar os videojornais das redes de TV interna.
Na Embraco, que fabrica compressores herméticos, a comunicação se dá por meio de um terminal digital, semelhante a um caixa eletrônico, batizado de Canal Aberto. A máquina, implantada há dois anos, dá acesso aos currículos de toda a diretoria.
Para interagir com o alto escalão, o funcionário toca na tela, seleciona um executivo e envia pergunta, sugestão ou reclamação de forma identificada ou anônima.
"O sistema desmitificou a figura do alto executivo, os funcionários se sentem mais próximos da cúpula", diz Rosângela Santos Coelho, 35, assessora corporativa de comunicação da Embraco.
Outra iniciativa inovadora é o programa de TV criado pelo Grupo Nova América, de usinas de açúcar no interior de São Paulo.
A atração, semanal, chama-se TV Você. Além de colocar os funcionários a par do que se passa na empresa, o programa trata de cultura, esportes e música. "É uma forma de dar voz aos funcionários", diz a gerente Ana Girardi.
Menos inovador, mas também interativo, o 9090 é o ramal criado pelo Hopi Hari para dar voz aos empregados. Diariamente, atende a 30 ligações. "Ninguém fica sem resposta", afirma a gerente de marketing, Cristina Bandeira.
Foi por sugestões vindas do ramal que os funcionários conquistaram alguns privilégios, como novos horários de ônibus para o parque e cardápio especial para vegetarianos no restaurante.
Na multinacional suíça Holcim, da área de materiais de construção, vídeos internos tiveram outra função: identificar os funcionários com a nova marca, quando a empresa trocou de nome.



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