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Empregados aproveitam encontro face a face com o alto escalão para levar as suas reivindicações
Café com diretoria tem sabor de negociação
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Uma iniciativa que se tornou
popular em comunicação corporativa é a chamada face a face, em
que presidentes ou diretores se
encontram com funcionários de
todos os níveis hierárquicos.
Grandes empresas como Pão de
Açúcar, Embraco, Kaiser, Multibrás e outras estão apostando na
estratégia para aproximar empregados e patrões e aumentar a produtividade de ambos os lados.
Em alguns casos, além de estreitar os laços entre funcionário e diretoria, os encontros geram frutos
para os empregados. Foi em um
Café com o Presidente, que acontece quinzenalmente na Multibrás, que as funcionárias da empresa conquistaram o direito de
incluir os maridos no plano de
saúde oferecido pela corporação.
"Fizemos uma pesquisa interna,
e a aprovação do evento foi de
80%", comemora Valéria Café,
33, gerente de comunicação.
Estar cara a cara com o presidente é uma real oportunidade de
reclamar novos direitos, já que há
mais receptividade para negociações. "Quando nós falamos em
comunicação, nada substitui o
diálogo. Por isso a valorização da
fala, de ouvir, de olhar e de sentir", opina Paulo Nassar, presidente-executivo da Aberje.
Mesmo afastado da presidência-executiva do Grupo Pão de
Açúcar desde o início de 2003, o
empresário Abilio Diniz continua
comparecendo ao Fale com Abilio, reunião quinzenal que acontece entre ele e grupos de empregados das lojas da empresa.
"Só são convidados profissionais até a posição de coordenadoria", explica o gerente de relações
com o cliente interno da rede,
Carlos Henrique Cesar, 37.
Na Kaiser, a iniciativa face a face
se chama Conversa de Bar e é realizada a cada dois meses. "A interatividade é importante, a empresa quer que cada um dos 2.500
funcionários se sinta parte do grupo", conta o gerente de comunicação, Rodrigo Aguiar, 28.
Silêncio
Apesar da aparente boa intenção das companhias, esse modelo
de comunicação também pode
sofrer desgaste, e a iniciativa pode
acabar sem participantes, conforme avalia a coordenadora de desenvolvimento pessoal da Panex,
Monica Santini Biajo, 40.
"Tivemos esses encontros por
dois anos, e isso funcionou bem,
principalmente quando a empresa passou por uma fusão. Só que a
fórmula se esgotou, a participação
dos funcionários diminuiu e suspendemos o evento", conta.
A lição que se tira é que "forçar"
encontro entre diretoria e funcionários de baixo escalão não funciona. Os dois lados ficam sem ter
o que dizer e podem até ficar irritados com o compromisso.
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