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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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Empregados aproveitam encontro face a face com o alto escalão para levar as suas reivindicações

Café com diretoria tem sabor de negociação

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Uma iniciativa que se tornou popular em comunicação corporativa é a chamada face a face, em que presidentes ou diretores se encontram com funcionários de todos os níveis hierárquicos.
Grandes empresas como Pão de Açúcar, Embraco, Kaiser, Multibrás e outras estão apostando na estratégia para aproximar empregados e patrões e aumentar a produtividade de ambos os lados.
Em alguns casos, além de estreitar os laços entre funcionário e diretoria, os encontros geram frutos para os empregados. Foi em um Café com o Presidente, que acontece quinzenalmente na Multibrás, que as funcionárias da empresa conquistaram o direito de incluir os maridos no plano de saúde oferecido pela corporação.
"Fizemos uma pesquisa interna, e a aprovação do evento foi de 80%", comemora Valéria Café, 33, gerente de comunicação.
Estar cara a cara com o presidente é uma real oportunidade de reclamar novos direitos, já que há mais receptividade para negociações. "Quando nós falamos em comunicação, nada substitui o diálogo. Por isso a valorização da fala, de ouvir, de olhar e de sentir", opina Paulo Nassar, presidente-executivo da Aberje.
Mesmo afastado da presidência-executiva do Grupo Pão de Açúcar desde o início de 2003, o empresário Abilio Diniz continua comparecendo ao Fale com Abilio, reunião quinzenal que acontece entre ele e grupos de empregados das lojas da empresa.
"Só são convidados profissionais até a posição de coordenadoria", explica o gerente de relações com o cliente interno da rede, Carlos Henrique Cesar, 37.
Na Kaiser, a iniciativa face a face se chama Conversa de Bar e é realizada a cada dois meses. "A interatividade é importante, a empresa quer que cada um dos 2.500 funcionários se sinta parte do grupo", conta o gerente de comunicação, Rodrigo Aguiar, 28.

Silêncio
Apesar da aparente boa intenção das companhias, esse modelo de comunicação também pode sofrer desgaste, e a iniciativa pode acabar sem participantes, conforme avalia a coordenadora de desenvolvimento pessoal da Panex, Monica Santini Biajo, 40.
"Tivemos esses encontros por dois anos, e isso funcionou bem, principalmente quando a empresa passou por uma fusão. Só que a fórmula se esgotou, a participação dos funcionários diminuiu e suspendemos o evento", conta.
A lição que se tira é que "forçar" encontro entre diretoria e funcionários de baixo escalão não funciona. Os dois lados ficam sem ter o que dizer e podem até ficar irritados com o compromisso.



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