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São Paulo, domingo, 04 de maio de 2003

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CARREIRA

Para o consultor Edward de Bono, que fez palestra no país, empresas não reconhecem criatividade

Inovação precisa gerar valor, afirma "guru"

EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O consultor maltês Edward de Bono, 69, é mundialmente conhecido por seus trabalhos relacionados à criatividade e à inovação nas empresas. Já prestou serviços a organizações como 3M, Citibank e DuPont e é autor de mais de 60 livros sobre o assunto. De Bono, que ministrou um seminário em São Paulo no dia 29 (terça), falou à reportagem da Folha sobre os caminhos trilhados por novas idéias nas companhias. Segundo ele, cabe aos dirigentes incentivar os subordinados a assumirem riscos e a pensarem de modo diferente, mas sempre gerando resultados. "É preciso que a inovação "corte caminho'", disse.
 
Folha - Atualmente, qual a capacidade de inovação das empresas? De Bono - As organizações falam muito sobre criatividade e inovação, mas fazem pouco. As promoções dependem de competência na solução de problemas. Mas, em cargos mais altos, são também necessárias habilidades relacionadas à criatividade e a estratégias de inovação. Em um nível inferior, é suficiente gerenciar; no topo, é preciso decidir em que direção seguir. As pessoas não são selecionadas pela criatividade, que é parte essencial do negócio, assim como finanças e marketing. Sugiro que um gerente ou diretor seja especialmente responsável pelas inovações de uma companhia.

Folha - Quais as barreiras mais comuns à inovação? De Bono - A principal reside no fato de cada idéia nova ter de passar por diversos gerentes da organização. Eles podem não querer nada inovador, pois isso significa risco e perturbação. É preciso que a inovação "corte caminho" de alguma forma, sem ter de passar por todos os níveis hierárquicos.

Folha - Como desenvolver a criatividade na firma em que se atua? De Bono - As companhias precisam estabelecer listas de objetivos e treinar os empregados para que gerem novas idéias em determinadas áreas. Se a organização não incentivar, a maioria das pessoas não pensará criativamente. Elas têm de ser encorajadas a ter novas idéias e recompensadas quando isso acontece. É algo que precisa vir do topo das empresas.

Folha - Criatividade e inovação são possíveis mesmo nas mais burocráticas atividades e profissões? De Bono - Sim. Há duas coisas a serem esclarecidas. Em primeiro lugar, uma mudança, por si só, não implica criatividade, se não houver adição de valor. É preciso chegar a um resultado lógico e valioso. Além disso, as pessoas consideram que pensar criativamente é ser "do contra", mas isso também não é verdade. Inovar é criar valor. O dono de uma idéia deve vendê-la aos superiores associada a seu valor potencial.

Folha - As pessoas se tornam mais inovadoras em tempos de crise? De Bono - Em uma crise, geralmente, tende-se menos à inovação, porque o risco é muito alto.

Folha - Qual a melhor forma de combinar uma grande quantidade de informação com criatividade e inovação?
De Bono -
Informação não é o suficiente. Importa mesmo o uso que se faz dela. No futuro, deveremos ter a necessidade de uma profissão totalmente nova, a de assimilador de informação. Ele coletará e simplificará as informações. Eu, por exemplo, recebo mais de duzentos e-mails por dia e delego a tarefa de lidar com eles.



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