São Paulo, domingo, 04 de junho de 2006

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entrevista do mês

Busca de emprego foca vulneráveis

Atendimento público prioriza mulher, jovem e maior de 40, diz Remígio Todeschini, do MTE

TERCIANE ALVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A poucos meses das eleições, as prioridades do governo federal em relação a trabalho e emprego são os programas de financiamento do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), a ampliação do abono salarial e o Sistema Público de Emprego, que transfere das centrais sindicais para os Estados e municípios a tarefa de atender, de forma unificada, o trabalhador. É o que afirma o secretário de Políticas Públicas do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), Remígio Todeschini. "Temos como população prioritária os mais vulneráveis: jovens, mulheres e profissionais com mais de 40 anos", elenca. Entre as principais ações, Todeschini destaca o Plano Setorial de Qualificação Profissional, por meio do qual identificam-se oportunidades de qualificação social e profissional para as demandas concretas de determinada região. Como exemplo, o secretário menciona um novo programa, voltado a 8.000 profissionais da indústria naval no Rio de Janeiro, em razão da construção de plataformas da Petrobras. "O desafio da auto-suficiência também gera essa demanda." Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista com Todeschini, feita por telefone.

 

FOLHA - Faltam menos de cinco meses para as eleições e sete para o término do ano. O que será prioridade para o Ministério do Trabalho? REMÍGIO TODESCHINI - Os programas de financiamento do FAT, a ampliação do abono salarial e todo o conjunto de ações do Sistema Público de Emprego. São elas: intermediação da mão-de-obra pelos postos do Sine (Sistema Nacional de Emprego), seguro-desemprego, qualificação profissional, informações do mercado de trabalho e ações de qualificação relacionadas ao Primeiro Emprego. O Sistema Público de Emprego refere-se a um conjunto de ações que visa recolocar ou inserir o trabalhador no mercado. Os convênios das centrais sindicais, por exemplo, passaram para os grandes municípios para haver uma ação integrada. Assim, na cidade de São Paulo, em vez de haver o convênio com três ou quatro operadores do ministério, agora existe uma integração maior com o município de São Paulo, até para que o desempregado não vire uma bolinha de pingue-pongue -vem aqui, vai ao Estado, à central "A", à central "D".

FOLHA - Que contrapartida o governo federal pede aos Estados e municípios? TODESCHINI - Unificar a porta de entrada de atendimento, que hoje é o Sine. [Devem criar] centros públicos integrados de emprego, trabalho e renda, em que é feita habilitação do seguro-desemprego, intermediação e qualificação profissional. Os Estados e municípios entram com funcionários. No momento, para este ano, temos disponíveis R$ 295 milhões para pesquisa de emprego, habilitação do seguro-desemprego, intermediação e qualificação.

FOLHA - E o desempregado obterá trabalho em menor tempo? TODESCHINI - Sim, mas temos como população prioritária um público mais vulnerável: os jovens, as mulheres e os profissionais com mais de 40 anos. Enquanto temos 1.100 postos públicos de emprego para qualificação, intermediação, informação do mercado de trabalho e busca do auxílio-desemprego, há 5.000 intermediadores de empregos privados no Brasil. O mais qualificado busca o intermediador privado. As pessoas com mais dificuldade de inserção procuram postos públicos.

FOLHA - O governo Lula prometeu criar 1 milhão de vagas para o programa "Primeiro Emprego". Até aqui, criou quantas? TODESCHINI - Nunca foi prometido 1 milhão de vagas. O que sempre se colocou como prioridade foi trabalhar para a juventude. Números consolidados entre o Primeiro Emprego e as demais ações do Sistema Público de Emprego apontam para 1.398.000 jovens atendidos de 1º de janeiro de 2003 até agora.

FOLHA - Que medidas de qualificação profissional serão implementadas nos próximos meses? TODESCHINI - Vamos desenvolver programas de capacitação onde há demanda localizada. Trata-se do Plano Setorial de Qualificação Profissional, que identifica as vagas no sistema público de emprego e oferece essa oportunidade localizada de qualificação social e profissional para as demandas concretas da região. Por exemplo, no Rio de Janeiro, será para 8.000 profissionais da indústria naval. O governo federal vai colocar recursos junto com Senai [Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial], Estado, prefeituras e empresas. Para a ampliação do porto de Pernambuco, há demanda por 4.000 trabalhadores. No Estado de São Paulo, há espaço na indústria aeronáutica e, em Osasco, para atender algumas demandas da indústria siderúrgica. E há uma demanda mais nacional das indústrias do petróleo e do gás, combinando aí diversas regiões.

FOLHA - O senhor tem um mapeamento detalhado disso? TODESCHINI - Num primeiro momento, queremos atender cerca de 20 mil trabalhadores, de várias cidades, em mais de dez regiões por todo o país.

FOLHA - Como os empresários podem gerar vagas de trabalho? TODESCHINI - O FAT tem juros menores -metade da taxa Selic-, as portas estão abertas. Além disso, há os fundos constitucionais do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, com investimento mais específico para essas regiões. Nós estamos trabalhando para que tanto o ministério como ações de entidades como Senai e Sesi possam disponibilizar cursos a fim de que o trabalhador esteja atualizado permanentemente.

FOLHA - Se o governo for reeleito e o sr. permanecer no posto no próximo mandato, o que fará? TODESCHINI - Darei continuidade à ação de melhoria do Sistema Público de Emprego.


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