São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008 |
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saúde corporativa Spas entram na relação de benefícios para executivos
Em busca de maior produtividade, gastos chegam a R$ 8.000 por pessoa
ANITA MARTINS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Após 25 anos trabalhando 12 horas por dia, o diretor administrativo da empresa Anjo Química, Joceli Coan, aceitou trocar o escritório por um spa. Durante sete dias, para relaxar, deixou de lado as reuniões de negócios, desligou o celular, alimentou-se de forma saudável e fez exercícios físicos. A experiência, diz, mudou seus hábitos e fez desaparecer o até então perfil de estressado. Em busca de transformações como a de Coan, empresas passaram a oferecer entre seus benefícios a hospedagem em spas. O serviço, para poucos, costuma ser destinado a executivos -de gerentes a diretores-, já que, com o equilíbrio físico e mental da liderança, acredita-se que o bom desempenho possa ser passado à equipe. A exclusividade do benefício também tem explicação no alto custo da iniciativa, que varia de R$ 3.000 a R$ 8.000 por pessoa para a estada de uma semana. "O retorno do investimento é válido. O funcionário passa a produzir mais e melhor porque está centrado", afirma o presidente da General Brands, Isael Pinto, que nos últimos cinco anos mandou cerca de 30 colaboradores para o spa São Pedro, no interior de São Paulo. Uma pesquisa feita pela consultoria Deloitte Touche Tohmatsu endossa a eficácia dessas ações. Entre 2004 e 2005, foram analisadas 201 empresas que apostaram em atividades para melhorar a qualidade de vida dos funcionários. Nelas, a produtividade aumentou 31%. O diretor de negócios da Siemens do Brasil, José Afonso Kuhn, confirma o resultado. Após passar dias isolado no spa Kurotel, em Gramado (RS), viu seu desempenho melhorar por se "sentir mais descansado, equilibrado e concentrado". Kuhn ainda retornou com 3,5 kg a menos e, como aplicou a rotina de dieta e ginástica no seu dia-a-dia, conseguiu atingir a meta de perder 10 kg. Prós e contras Apesar da aparente eficácia dos tratamentos em spas para executivos, especialistas se dividem sobre esses programas. O "headhunter" Robert Wong diz acreditar que essa é a melhor forma de bonificação porque tanto o executivo como a empresa ganham. "Se os empregados recebem dinheiro, a satisfação fica de um lado só." Para a coordenadora do curso de capacitação de gestores de qualidade de vida da USP (Universidade de São Paulo), Ana Cristina Limongi França, a iniciativa é positiva por "fazer os profissionais reporem energia, evitar o aparecimento de doenças como infarto e diabetes e demonstrar uma modernização da visão corporativa". Mas o ideal, segundo a professora de pós-graduação da Escola de Administração da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Carmem Grisci, seria que esse benefício nem precisasse existir. "O trabalho não deveria adoecer as pessoas. É preciso mudar a organização das empresas para reduzir a pressão anormal que se exerce sobre os trabalhadores hoje em dia." Texto Anterior: Visitante assíduo de feira só falta a evento para fazer cirurgia do coração Índice |
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