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ENTRE DOIS MUNDOS
Aumento de fusões gera incerteza em profissionais
Número de aquisições de empresas cresce 9,5% no primeiro trimestre
Fotos Renato Stockler/Folha Imagem
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O relações-públicas Maurício Camacho, que
trabalhava em indústria de bebidas e não podia contratar ou demitir antes da fusão |
MARIANA BERGEL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O número de fusões de empresas no mercado aumenta
dia a dia. Entre janeiro e março
deste ano, 115 companhias passaram por esse processo em todo o país -um aumento de
9,5% em relação ao mesmo período do ano passado, quando
foram registradas 105 fusões.
Os reflexos no mercado são
diferentes e mesclam otimismo
e ceticismo. Entre os funcionários das companhias que passam por esse processo, no entanto, predomina uma sensação: a de incerteza.
No que depender das projeções, o número de profissionais
nessa situação deve crescer.
"Esperamos aumento de cerca de 20% a 25% de fusões em
2007. Foram 501 em 2006.
Neste ano, serão cerca de 600",
destaca o consultor da área de
fusões e aquisições da Ernst &
Young Fábio Marinho.
A união de companhias aumenta a fatia de mercado da
nova corporação. Mas gera
também duplicidades -dois
departamentos de marketing,
de compras e de tecnologia.
A solução corporativa passa,
muitas vezes, pela redução do
quadro de colaboradores, em
especial dos alocados nas gerências de recursos humanos,
administrativa e financeira.
"Não se sabe quais serão os
critérios para o corte de funcionários que ocupam as mesmas
funções. Mas quem fica é quem
tem mais poder, quem veio da
empresa compradora", considera Mariá Giuliese, diretora-executiva da empresa de "outplacement" Lens e Minarelli.
Depois de 14 anos como gerente de desenvolvimento de
produtos e assistência técnica
de uma indústria petroquímica, o engenheiro de materiais
Vicente Silva, 55, foi demitido
dois anos antes de sua aposentadoria. A empresa havia sido
vendida para outra do setor.
"Buscavam profissionais que
pudessem se adaptar a uma
empresa grande", recorda.
Substituído por profissionais
mais jovens e com salários menores, ele afirma que, na época,
já imaginava que seria demitido. "Por mais que você tenha
experiência, a idade é crítica."
Hoje, afirma que sua vida
mudou completamente. Ele
presta assessoria empresarial
para clientes da indústria em
que atuava. Continua, contudo,
a receber os mesmos benefícios
do período em que era funcionário, com exceção do salário.
Horizonte
Para especialistas, não há como evitar fazer parte de um
processo de aquisição de companhia, mas existem formas de
tentar sair ileso disso.
"Cada profissional deve estar
o mais bem preparado possível
em termos de qualificação e
atualização, ampliando seus
conhecimentos específicos e
gerais, para se tornar mais
competitivo", opina Paulo Valente, autor do livro "A Arte de
Comprar e Vender Empresas".
Colaborou RAQUEL BOCATO, da Reportagem
Local
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