UOL


São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRIMEIRO EMPREGO PIONEIRO

Mercado para aprendiz ainda vive "menoridade"

Luana Fischer/Folha Imagem
Rosana Salcedo, 24, que começou como aprendiz em indústria


FREE-LANCE PARA A FOLHA

Meta do programa Primeiro Emprego do governo federal, o incentivo à criação de vagas de aprendizagem para jovens de 14 a 18 anos de idade é uma prática que já vem aumentando gradativamente nos últimos dois anos.
O crescimento se intensificou após a aprovação da lei federal nš 10.097, de 2000, que obriga as empresas a destinarem entre 5% e 15% de suas vagas a aprendizes.
Baseados em um contrato formal de trabalho que prioriza a capacitação (diferentemente do estágio), os programas para aprendizes foram responsáveis por 5.600 vagas de janeiro a abril, contra apenas 2.900 no mesmo período do ano passado -em boa parte devido às ações de fiscalização.
A participação de entidades certificadoras, que oferecem cursos de capacitação e realizam o acompanhamento do aprendiz, também está crescendo. O Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), um dos mais atuantes, planeja dobrar (para 9.000) o número de jovens que passam por seus cursos em relação a 2002.
Apesar dos avanços, especialistas apontam resistência das empresas. Se a legislação fosse cumprida com rigor, seriam criadas cerca de 650 mil novas vagas para aprendizes no país, estima o Ministério Público do Trabalho.
"Não existem cursos suficientes para atender a demanda", analisa Eliane Araque dos Santos, 53, coordenadora responsável pelo combate à exploração do trabalho da criança e do adolescente.

Na prática
Os programas de aprendizagem não são novidade para entidades do terceiro setor e para algumas empresas. Antes mesmo da lei nš 10.097, já havia diversos projetos sociais em ação. A diferença é que agora eles estão se enquadrando às regras da nova legislação.
O Nurap (Núcleo Rotary de Aprendizagem Profissional), por exemplo, cuida da formação e do encaminhamento de jovens para o mercado desde a década de 90.
Atualmente é responsável por treinar cerca de 450 jovens, que trabalham em 130 empresas. "Procuramos novas conveniadas porque a procura por parte dos jovens é praticamente o dobro do que atendemos", diz Mariângela Vieira, 38, uma das responsáveis. Após o período de aprendizagem, em média 30% são contratados.
A indústria farmacêutica Merck Sharp & Dohme começou a participar desses projetos em 1993, quando abriu vagas para três jovens. Atualmente 23 estão lá.
"Foi assim que consegui iniciar a carreira", diz Rosana de Almeida Salcedo, 24, hoje assistente da gerência nacional de vendas.
Outro exemplo de geração de vagas para jovens é a parceria da empresa de tecnologia Pulsar com o projeto Garagem Digital (organizado pela fundação Abrinq e patrocinado pela HP).
Após participar do curso de informática do projeto, Aldeíde Ferreira de Souza, 18, foi selecionada para uma vaga na Pulsar. "As empresas me barravam por causa da dificuldade de conciliar o trabalho com o estudo", conta.


Texto Anterior: Primeiro emprego pioneiro: Parceria abre portas para "trainee social"
Próximo Texto: Qualificação e oportunidades: Universidade: Unesp abre concurso público para 80 vagas em novos campi
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.