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BOAS DE BOLA
Melhora nas remunerações é recente; atletas experientes dizem que a fase é boa para a entrada no mercado
Artilheira do São Paulo recebe R$ 8.000
da Reportagem Local
Apesar de a média salarial das jogadoras ainda ser baixa, especialmente se comparada aos salários
pagos no futebol masculino, já
existem atletas que vivem, e muito
bem, do esporte.
Por enquanto, são as jogadoras
mais experientes, integrantes da
seleção brasileira, que recebem as
melhores remunerações. Mas o
aumento é recente e aconteceu depois do quarto lugar na Olimpíada
de Atlanta. Antes, eram raros salários maiores que o mínimo.
Roseli de Belo, 29, atacante do
São Paulo e da seleção brasileira, é
uma das jogadoras que já consegue
viver só do futebol. Mesmo assim,
afirma que a falta de patrocinadores ainda atrapalha o crescimento
do futebol feminino. Apesar disso,
ela aconselha as novatas a encarar
o futebol como um emprego.
"Eu vivo do futebol e consegui
construir uma reserva financeira
com o que já ganhei. Agora, o futebol está em uma fase de renovação,
é a hora certa de entrar."
Roseli é contratada do São Paulo
desde o início de 98, e seu salário
chega a R$ 8.000 por mês. Começou a jogar aos 15 anos no Juventus, clube que pagava apenas uma
ajuda de custo. Mas foi só aos 26
anos, pouco antes da Olimpíada,
que a situação melhorou. Ela foi
convidada para jogar no Japão.
"Fiquei jogando lá durante um
ano e ganhava R$ 10 mil por mês.
Tentaram renovar meu contrato,
mas vim para o Corinthians ganhando o mesmo salário."
Para continuar no futebol, Roseli
saiu de casa aos 15 anos. "Eu arrasava e sabia que ia dar certo, mas
minha família, muito simples, não
me apoiou. Vou jogar até quando
minhas pernas aguentarem. Depois, vou trabalhar na área."
Diedja Barreto, 35, a Didi, goleira
da Lusa e integrante da seleção
brasileira desde 1988, trabalhou,
antes, como corretora de imóveis e
diz que nunca ganhou mais de R$
1.000 por mês. Hoje, somando o
que recebe do clube e do patrocinador, ganha R$ 6.000 por mês, o
que, segundo ela, não ganharia em
outra profissão.
"Ainda são poucas as jogadoras
que, como eu, vivem só do futebol.
Isso porque já jogamos há muito
tempo e temos experiência em seleção", afirma Didi.
Para ela, quem tem talento deve
procurar escolas de esporte ou clubes, para ser descoberta por técnicos e dirigentes.
Para a jogadora do Vasco Delma
Gonçalves, 23, conhecida como
Pretinha, a carreira deslanchou
com a conquista do título Sul-Americano, em 1995.
"Comecei a receber convites de
times estrangeiros e me valorizaram ainda mais quando fui a artilheira da seleção em Atlanta."
Seu salário é de R$ 3.000 por mês,
mas a previsão é que chegue a R$
10 mil daqui a quatro anos. "Quando o esporte for profissionalizado,
a situação vai melhorar bastante."
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