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DE OLHO NO PASSADO
Mercado de preservação da cultura tem oportunidades para especialistas
Qualificação é impasse para quem cuida do patrimônio
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com um rico acervo de construções históricas e objetos de
arte como quadros e esculturas,
não há como negar o potencial
do Brasil para absorver profissionais que têm como desafio
preservar o passado cultural.
O impasse fica por conta da
falta de qualificação de quem
tem como missão perpetuar essa identidade para as futuras
gerações, dizem os profissionais consultados pela Folha.
Em se tratando de edificações, há campo para arquitetos
e engenheiros civil e eletricista
com formação especializada.
Há também trabalho para
quem conserva e recupera bens
móveis, como restauradores,
artistas plásticos e museólogos.
"Apenas com o curso de graduação não se tem conhecimento suficiente para trabalhar com o patrimônio", comenta Cyro Lyra, assessor-técnico da presidência do Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Entre os melhores cursos de
especialização, destaca Lyra,
estão os das universidades federais da Bahia, de Pernambuco e de Minas Gerais.
Sem critérios
A falta de formação específica tem resultado em intervenções no patrimônio sem que se
obedeçam aos critérios científicos aceitos internacionalmente. Essa é a avaliação de Silvio
Zancheti, presidente do conselho administrativo do Ceci
(Centro de Estudos Avançados
da Conservação Integrada).
"As escolas de arquitetura
basicamente ensinam o novo. A
questão do restauro dentro delas é muito incipiente, muito
marginal", comenta Zancheti.
Há instituições, contudo, que
tentam suprir essa demanda latente por especialização na
área de patrimônio cultural.
A FGV (Fundação Getulio
Vargas) de São Paulo, por
exemplo, começou a ministrar
há três anos o mestrado profissional em bens culturais e projetos sociais. No Rio, a instituição já tinha uma versão com
um perfil mais acadêmico.
Para Marcos Fernandes,
coordenador do curso, há deficiência no mercado de profissionais capacitados para fazer a
gestão de atividades culturais e
de preservação da memória:
"Aspectos administrativos e sociais devem ser considerados".
Com interesse explícito em
preservar o imenso acervo artístico sob a guarda da Igreja
Católica, a PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica de São
Paulo) lançou, para o vestibular
de inverno, o curso superior
tecnológico em conservação e
restauro, com 35 vagas.
A coordenadora do curso,
Elaine Caramella, considera
que essa graduação servirá para
acabar com a lacuna entre profissionais habilitados para o
restauro -mas sem formação
acadêmica- e aqueles com passagem pelo ensino formal
-mas que não apresentam experiência em ateliês.
(IG)
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