S?o Paulo, domingo, 10 de abril de 2011

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ENTREVISTA

Mãe não deve se culpar por trabalhar, prega psicóloga

Estudo mostra que felicidade dos filhos independe de dedicação integral

RAQUEL BOCATO
DE SÃO PAULO

Boa parte das mães que trabalham fora tem um sentimento em comum: a culpa. O tempo longe dos filhos faz com que elas se questionem se estão fazendo pouco e se as crianças estão felizes.
A psicóloga e empresária Cecília Russo Troiano foi à campo para responder a essas perguntas. Entrevistou 400 crianças de mães que trabalham fora ou são donas de casa de classes A e B da cidade de São Paulo.
"Independentemente de a mãe trabalhar fora ou se dedicar em tempo integral à casa e à família, os filhos estão bem", sintetiza ela, acrescentando que a dificuldade das mulheres tem sido a divisão de tarefas domésticas e as conversas com os filhos sobre conquistas no trabalho.
As questões deram origem ao livro "Aprendiz de Equilibrista: Como Ensinar os Filhos a Conciliar Família e Carreira", recém-lançado pela editora Évora (R$ 29,90).
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

 

Felicidade dos filhos
A primeira [descoberta] -e que é quase um calmante para os pais- é que, independentemente de a mãe trabalhar fora ou se dedicar em tempo integral à casa e à família, os filhos estão bem. Todas as mães que trabalham fora se questionam se estão fazendo o melhor.
O fato de a mãe trabalhar fora não é o que define o padrão de felicidade dos filhos.
Gosto do que ouvi de um pediatra: "a falta de mãe é prejudicial; o excesso intoxica".

Culpa
Muita mãe que trabalha fora se culpa. Ela se questiona se o filho seria mais feliz se os dois passassem mais tempo juntos. Sempre fica a dúvida que incomoda, que é o que gera a maior parte da culpa.
Não pode achar que tudo o que acontece com os filhos é porque a gente trabalha fora.

Imagem das mães e dos pais
Quando as crianças descreveram a mãe, ela sempre está fazendo alguma coisa -no supermercado, trabalhando ou arrumando a casa.
Quando retratam o pai, ele está trabalhando também, mas curtindo um pouco a vida -às vezes até com o filho.
Os pais têm mais um componente de diversão. [A mãe] não tem, na visão dos filhos, um minuto para brincar com eles, curtir ou relaxar no sofá.

Divisão de tarefas
Nunca falo de divisão equilibrada de tarefas entre o casal, mas de divisão inteligente. O casal tem habilidades diferentes. É preciso explorar potencialidades de cada um.

Poder feminino
Tem muita mulher que segura as atividades de casa porque é uma forma de poder. Quando o pai quer dar de comer, ela fala "deixa que eu faço porque sei o jeito que [a criança] gosta". É benéfico dividir esse poder.

Trabalho a distância
Para os filhos de 3 a 5 anos, pode ser bom, mas não serve para todas as famílias.
Se não mostrar que é hora de trabalhar, eles acham que você está disponível sempre.

Críticas dos filhos
[Os filhos] falam: "quando eu crescer, vou querer ajudar a minha esposa". [Os comentários são] mais para retrabalhar o projeto de futuro deles do que uma crítica aos pais. Eles sabem que os pais estão fazendo o melhor possível.

Filhos e dinheiro
Essa geração entende bem o papel do dinheiro. Gostam de ficar com os pais e gostam do benefício do dinheiro.

Papel do trabalho
[Os pais] falam muito do caráter prático e utilitário do trabalho. A gente não está conseguindo mostrar para as crianças o lado gostoso, prazeroso e de conquistas.

AVALIAÇÃO DAS CRIANÇAS

66%
Aceitação dos filhos

Crianças que aprovam escolha de mães que trabalham fora

9,3
Orgulho da mãe

A nota é igual para as donas de casa e as que trabalham fora

DIFERENÇA ENTRE OS PAIS

Ganhar mais dinheiro
É a resposta campeã das crianças quando perguntadas o que mudariam nas mães

Trabalhar menos
É o que os filhos mudariam em seus pais, segundo pesquisa da psicóloga Cecília Troiano


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