UOL


São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estabilidade maior da moeda, diversificação dos destinos e novos investimentos aceleram expansão

Redes de hotelaria hospedam as chances no ramo de turismo

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Divertimento para uns, labuta para outros: turismo dá trabalho. Principalmente turismo de negócios, de aventura e ecológico, apontados por especialistas como as ramificações mais promissoras dessa área -que na última década exibiu vigoroso crescimento e ainda mostra fôlego para criar oportunidades para profissionais de diversas categorias e níveis de escolaridade, da governança à administração.
Estabilidade maior da moeda, melhoria na infra-estrutura (como de aeroportos), capacitação da mão-de-obra e adoção definitiva de temas como aproveitamento dos recursos naturais e do patrimônio histórico-cultural na agenda nacional abriram o terreno para novos investimentos. Foram US$ 8 bilhões em obras e em infra-estrutura nos últimos sete anos, segundo o Ministério do Turismo.
Só de investimentos estrangeiros foram US$ 7 bilhões, contra US$ 2 bilhões contabilizados na década de 80, estima o órgão, cujo objetivo é criar condições para que a atividade atraia mais de US$ 4 bilhões até 2007. Para isso, o governo deverá oferecer US$ 600 milhões em linhas de crédito e financiamento por meio dos bancos oficiais.
A hotelaria concentra o maior número de vagas -responde por cerca de 1 milhão de empregos diretos e indiretos, conforme dados do Ministério do Turismo. E reflete a expansão em números: há em território nacional 300 novos hotéis em construção.
"Ao contrário do que está acontecendo com a indústria, o turismo é um ramo que continua aquecido", avalia Antonio Torres, 62, diretor de operações para o Brasil do InterContinental Hotels Group, que em 1995 tinha apenas uma unidade no país e hoje conta com 12. A rede quer abrir um hotel em Maceió ainda neste ano e outros quatro em 2004 (um em Salvador, um em Belém e dois em São Paulo).
"Apesar da crise de emprego, a área de hotelaria tem aberto mais vagas do que fechado", confirma Sálvio Cristófaro, 53, diretor de RH da Accor Hotels, que neste ano abriu 980 postos de trabalho e até dezembro deve contratar mais 990 pessoas. A maioria é para funções de arrumadeira, garçom, auxiliar de manutenção, recepcionista, governanta e as relacionadas à cozinha. Nas atividades que pressupõem um contato direto com os clientes, é preciso ter, pelo menos, nível médio completo e conhecimentos de inglês.
A Accor opera atualmente 116 hotéis e flats no Brasil e planeja inaugurar, até 2005, mais 67 empreendimentos -14 deles neste segundo semestre (no primeiro, sete já foram abertos).
Entre os lançamentos da rede, está uma nova unidade do enxutíssimo formato Formule 1. "O mercado para quatro e cinco estrelas está saturado em São Paulo", analisa Cristófaro, vislumbrando um filão nos supereconômicos e econômicos (como o Ibis, também operado pela Accor). Os planos prevêem mais duas unidades em 2004 e outras cinco em 2005.
O executivo também aposta em localidades alheias ao eixo Rio-São Paulo, beneficiadas pela diversificação dos destinos de linhas aéreas. E aconselha quem está buscando oportunidades a sondar cidades médias e outras capitais com atrativos turísticos. Foi o que fez o Club Med, que abriu unidade em Trancoso (BA), a terceira no país, com um investimento de US$ 23 milhões.

Planos ambiciosos
Responsável por 4% do PIB, conforme o Ministério do Turismo, o setor é alvo de projetos ambiciosos. O órgão pretende destacar três focos turísticos por Estado para que a atividade gere US$ 8 bilhões anuais em divisas e 1,2 milhão de postos de trabalho.
Além disso, o ministério tem como meta atrair 9 milhões de estrangeiros por ano, patamar bem superior aos 5,31 milhões registrados no ano 2000, quando esse fluxo alcançou seu ápice. Desde então, o volume de turistas estrangeiros vem caindo -em 2002 só 3,8 milhões vieram ao Brasil. (JG)

Texto Anterior: Computadores unem gerações e e perfis ecléticos
Próximo Texto: Eventos embalam cooperativa de garçons
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.