São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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DÚVIDA CRUEL

Estudantes "atiram" sem alvo na busca de uma vaga

Para consultores, candidatos de hoje estão menos focados no futuro

Renato Stockler/Folha Imagem
Carla Porrino, que estagia na Novartis


ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Agosto é, tradicionalmente, o mês em que as empresas saem em busca de novos talentos. Já para graduandos, é hora de exorcizar o medo de não se encaixar no mercado de trabalho.
Mas, ainda que o ciclo se repita todos os anos, nos últimos tempos, universitários e empregadores parecem estar em fase de "discutir a relação" -sobretudo os critérios dos estudantes para definir onde querem iniciar a vida profissional.
"Não há mais o apego que havia. Hoje, a relação do candidato com a empresa é mais fria e madura. A geração anterior via o futuro; a de hoje vê o presente", compara Eline Kullock, presidente do Grupo Foco.
A mudança, segundo consultores, é clara: não se fazem mais candidatos como antigamente. Em fase de finalização, um levantamento feito pela Cia. de Talentos com mais de 14 mil estudantes confirma a tendência.
"O dado mais assustador mostra que, para eles, qualquer empresa serve [para trabalhar]. Na hora de se inscrever em um programa, são franco-atiradores", diz o diretor Vitor Pascoal.
"Eu atirei para todos os lados", assume Carla Porrino, estagiária de relações externas da Novartis. A opção por mirar as maiores não passou, em um primeiro momento, por critérios como visibilidade e destaque no currículo: ela estava focada no valor da bolsa-auxílio.
"Precisava do estágio para pagar a faculdade", resume a estudante. "Em outras empresas, acho que não teria a chance declarada de ser efetivada como tenho aqui", acrescenta.
Para Pascoal, é justamente a chance de efetivação o principal item avaliado por candidatos a estágio. "Já para trainees, o foco é na estrutura do programa de treinamento ofertado pela empresa", explica.

Ética na mira
Inscrever-se em vários programas exige do candidato jogo de cintura e maturidade para explicar às outras o motivo que o levou a abandonar o processo. "Essa geração tem menos culpa", opina Eline Kullock.
O índice de desistência de seleção está crescendo. Na Cia. de Talentos, é estimado em 20%.
Para Adriana Casseb Lima, 23, inscrever-se em diversos programas não atrapalhou seu desempenho. Pelo contrário. "É essencial candidatar-se a vários trainees porque temos a imagem errada das empresas e criamos estereótipos", conta.
Ao ser aceita em 3 das 10 seleções de que participou, pensou que não iria balançar. "Sonhava em trabalhar na Unilever." Para facilitar a decisão, ela se propôs a visitar o RH das companhias. No fim, optou pela AmBev, onde, avalia, teria mais destaque. "Estou adorando."
Aos que estão em fase de "franco-atirador", a Folha traz roteiro com mais de 90 empresas. Confira a tabela com a versão completa na Folha Online.

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