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Navio não dá folga para a tripulação
da Reportagem Local
"Entrei de gaiato no navio, entrei, entrei, entrei pelo cano." Esse
sucesso da década de 80, cantado
pelo grupo Paralamas do Sucesso,
pode ser um bom referencial para
quem imagina que em cruzeiros
marítimos a rotina é mansa.
A idéia de viajar meses em um
navio maravilhoso, equipado com
piscinas, cassino e muita gente bonita, é só uma parte da história dos
que trabalham nesse meio.
O italiano Giorgio Sommavilla,
55, atuou durante 30 anos como
comissário de cruzeiros marítimos
e viu o seu primeiro casamento
afundar como o "Titanic" (navio
que naufragou em 1912).
"Quem trabalha nessa área não
pode ter uma vida fora do barco. É
praticamente impossível."
Segundo Sommavilla, em um
trabalho em que o profissional fica
oito meses fora de casa, é difícil
manter uma família. "Eu era um
estranho dentro de casa, nem meu
filho me reconhecia."
De prontidão
O trabalho em cruzeiros marítimos, seja como comissário, camareiro ou agente de recreação, exige
muita disposição do profissional.
Não há horário de folga determinado. "Trabalhamos sete dias por
semana, em período integral, e paramos apenas para comer e descansar", explica Sommavilla.
Segundo ele, até quando é possível conseguir uma ou duas horas
para relaxar, o profissional continua pronto para entrar em ação.
Isso significa que, se um funcionário estiver tomando uma cerveja
na piscina e algum passageiro precisar de algo, ele tem de interromper o seu descanso e atender a solicitação imediatamente.
A estudante de turismo Eliane
Dantas de Lira, 21, afirma que, apesar de gostar do ramo, o desgaste é
muito grande.
No período das férias escolares,
ela fez uma viagem pela costa brasileira que durou cerca de três meses. Sua função era atuar como
monitora de diversão e atividades.
Embora fosse um sonho antigo
fazer uma viagem desse tipo, Eliane afirma que o trabalho é muito
estressante e cansativo.
"A jornada é de 12 a 14 horas diárias e não há nem Natal nem Ano
Novo. Enquanto todo mundo festeja, a gente trabalha", diz.
Segundo ela, em muitas ocasiões,
quando estava fora de serviço, teve
de atender passageiros que solicitaram a sua ajuda. "Isso não me incomoda. Sempre soube que os passageiros têm prioridade e estão lá
para se divertir", comenta.
Seis idiomas
Trabalho escravo? Na opinião de
Sommavilla, não. Ele diz que a carreira tem as suas compensações e
que, se o profissional souber se divertir, acaba achando o trabalho
muito interessante.
Um comissário iniciante ganha,
em média, US$ 2.000 por mês. Para
ele, quem quiser trabalhar na indústria marítima precisa ter facilidade para se relacionar, ser curioso
e gostar de viajar.
Com seis idiomas na "bagagem"
-alemão, espanhol, grego, inglês,
italiano e português-, Sommavilla diz que a profissão pode abrir
outras oportunidades de trabalho:
como tradutor ou guia de viagens.
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