|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Políticos têm de lidar com a má fama da classe
da Reportagem Local
Carro com motorista e combustível, flexibilidade de horário, gabinete com secretários e fama de autoridade. Mordomia ou não, isso
tudo faz muita gente ter vontade de
entrar para a vida política.
Só que para quem atua nesse setor diariamente, a função não parece tão cheia de vantagens.
Na opinião do vereador paulistano José Eduardo Martins Cardozo,
39, do PT (Partido do Trabalhadores), a questão do salário e das regalias dos políticos não fica muito
clara, e as pessoas se iludem.
"Dos R$ 4.000 que recebo mensalmente, 30% (R$ 1.200) ficam para o partido", explica.
Cardozo diz que entrou para o
setor político por ter muito interesse pelo assunto, mas garante
que a atividade é bastante trabalhosa. "A fama realmente não é das
melhores. E quem realmente trabalha sai perdendo", explica.
Ele diz que a maioria das pessoas
acha que o funcionário público é
folgado e "marajá". "Não é bem assim. Eu mesmo, para ganhar o suficiente, tenho de continuar dando
aula em universidades", explica.
Cara feia
Mas, para Cardozo, o lado chato
da profissão não se resume à fama
de o profissional fazer corpo mole.
Ele diz que um dos maiores problemas da carreira é a rejeição
quanto à confiabilidade do caráter.
"Isso é terrível. As pessoas sempre
acham que a gente está mentindo
ou querendo convencer", explica.
Cardozo conta que sempre que
faz uma palestra, sente o público
mudar de conduta no momento
em que é apresentado.
"Quando falam que eu sou professor universitário e mestre em
direito administrativo, todos
olham com admiração. Mas, quando dizem que sou vereador, a admiração vira cara feia", explica.
Outro ponto negativo da profissão, na opinião dele, é a forma incorreta como é interpretado o poder do cargo político.
Ele conta que muitas pessoas vão
ao seu gabinete para fazer reclamações e pedidos, mas que, a maioria
deles, está fora de sua competência
profissional. "Somos vistos como
milagreiros que são capazes de resolver qualquer problema", diz.
Só que falsas interpretações não
vêm apenas de pessoas desconhecidas. Segundo Cardozo, parentes
e amigos também confundem as
coisas e pedem favores.
Por isso tentar passar despercebido em locais como restaurantes e
cinemas é quase uma obrigação.
"Até em festa de família eu tenho
de ficar me esquivando. Ouço pedido de emprego e reclamações sobre buracos nas ruas e atraso nas
coletas de lixo", comenta.
Texto Anterior: Telemarketing abre 188 vagas Próximo Texto: Mercado geral dá reajuste Índice
|