S?o Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010

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SUA CARREIRA AVIAÇÃO

Crescimento de piloto é gradual

Investimento em curso supera R$ 70 mil, diz especialista; formação anual é inferior à demanda

ADRIANA DE ABREU
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A falta de mão de obra e a intensa jornada de trabalho dos profissionais do mercado de aviação entraram em foco devido ao caos aéreo das últimas semanas, em que mais de 400 voos da Gol atrasaram e 99 foram cancelados.
Dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) revelam que, entre 2007 e 2009, a média anual de licenciamento de novos pilotos de linhas aéreas foi de 373 profissionais. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, esse número não é suficiente para atender a demanda.
Carlos Camacho, diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aviadores de São Paulo, afirma que a escassez de mão de obra já era prevista. "O curso de pilotos é caro e demorado, e a aviação comercial exige cada vez mais horas de trabalho."
O coordenador do curso teórico do Aeroclube de São Paulo, Titus Roos, destaca que o ingresso na carreira depende de muito estudo e investimento financeiro. "São mais de R$ 70 mil", calcula.
A Lei do Aeronauta (lei nº 7.183/1984) estabelece em 11 horas o limite da jornada de trabalho do tripulante, sendo 9,5 horas de voo por dia.
"Ultrapassar a jornada é comum. Já me neguei a voar pelo cansaço, porém, a maioria dos pilotos, no fim, aceita por questões financeiras", afirma Pedro (nome fictício), comandante há 32 anos.

FORMAÇÃO
Quem aposta na carreira deve esperar crescimento gradual. Com um mínimo de 40 horas de voo, o aluno torna-se piloto privado (voa por motivos particulares); com 150 horas, obtém habilitação para ser piloto comercial.
O curso teórico para pilotos dura quatro meses e oferece noções de meteorologia, tráfego aéreo, navegação, segurança de voo e conhecimentos de aeronaves.
Após essa etapa, o aluno passa por uma banca da Anac e, se aprovado, recebe o certificado de conhecimentos técnicos, descreve o comandante Matheus Denófrio, diretor da escola de aviação civil Academia do Ar.
"As companhias enfrentam dificuldades para recrutar pilotos de aviões comerciais devido ao número reduzido de pessoas que se profissionalizam", ressalta.
A fim de se tornar comandante de companhias aéreas, Fernando Moneo, 20, começou na carreira aos 17 anos. Há um mês, ele é piloto comercial de voos executivos.
"As desvantagens ficam pequenas perto de um sonho que vem desde a infância", diz Moneo, que investiu cerca de R$ 50 mil na profissão.


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