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SUA CARREIRA AVIAÇÃO
Crescimento de piloto é gradual
Investimento em curso supera R$ 70 mil, diz especialista; formação anual é inferior à demanda
ADRIANA DE ABREU
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A falta de mão de obra e a
intensa jornada de trabalho
dos profissionais do mercado
de aviação entraram em foco
devido ao caos aéreo das últimas semanas, em que mais
de 400 voos da Gol atrasaram
e 99 foram cancelados.
Dados da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) revelam que, entre 2007 e
2009, a média anual de licenciamento de novos pilotos de
linhas aéreas foi de 373 profissionais. Segundo especialistas ouvidos pela Folha, esse número não é suficiente
para atender a demanda.
Carlos Camacho, diretor
de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aviadores de São Paulo, afirma que
a escassez de mão de obra já
era prevista. "O curso de pilotos é caro e demorado, e a
aviação comercial exige cada
vez mais horas de trabalho."
O coordenador do curso
teórico do Aeroclube de São
Paulo, Titus Roos, destaca
que o ingresso na carreira depende de muito estudo e investimento financeiro. "São
mais de R$ 70 mil", calcula.
A Lei do Aeronauta (lei nº
7.183/1984) estabelece em 11
horas o limite da jornada de
trabalho do tripulante, sendo
9,5 horas de voo por dia.
"Ultrapassar a jornada é
comum. Já me neguei a voar
pelo cansaço, porém, a maioria dos pilotos, no fim, aceita
por questões financeiras",
afirma Pedro (nome fictício),
comandante há 32 anos.
FORMAÇÃO
Quem aposta na carreira
deve esperar crescimento
gradual. Com um mínimo de
40 horas de voo, o aluno torna-se piloto privado (voa por
motivos particulares); com
150 horas, obtém habilitação
para ser piloto comercial.
O curso teórico para pilotos dura quatro meses e oferece noções de meteorologia,
tráfego aéreo, navegação,
segurança de voo e conhecimentos de aeronaves.
Após essa etapa, o aluno
passa por uma banca da
Anac e, se aprovado, recebe o
certificado de conhecimentos técnicos, descreve o comandante Matheus Denófrio, diretor da escola de aviação civil Academia do Ar.
"As companhias enfrentam dificuldades para recrutar pilotos de aviões comerciais devido ao número reduzido de pessoas que se profissionalizam", ressalta.
A fim de se tornar comandante de companhias aéreas,
Fernando Moneo, 20, começou na carreira aos 17 anos.
Há um mês, ele é piloto comercial de voos executivos.
"As desvantagens ficam
pequenas perto de um sonho
que vem desde a infância",
diz Moneo, que investiu cerca de R$ 50 mil na profissão.
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