São Paulo, domingo, 15 de outubro de 2006

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Concursos

Altos salários acirram a concorrência na Receita

A Folha acompanhou a rotina de uma auditora, que inclui treinamento para novos funcionários

FÁTIMA CARDEAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

São R$ 10 mil por mês e oito horas diárias de trabalho. Basta ser formado em nível superior.
Para ser um auditor da Receita Federal, no entanto, é preciso passar pelo disputado processo seletivo. Neste ano, por exemplo, houve um concurso para preencher mil vagas para auditor e 800 para técnico. Ao todo, foram 174 mil inscritos.
A concorrência sempre foi acirrada. Em um concurso realizado há 30 anos, havia 106 mil candidatos para 800 vagas. Uma das candidatas aprovadas naquela época foi Claire Feliz Regina, hoje com 78 anos.
Classificada em 51º lugar, Regina começou no prédio da avenida Prestes Maia, no centro de São Paulo, onde fica a Receita.
A aprovação, contudo, não lhe permitiu escolher o cargo no qual gostaria de atuar.
"Meu sonho era trabalhar com Imposto de Renda. Mas, ao distribuir as funções, colocaram-me no setor de sorteios e consórcios, que só tinha um decreto para ser fiscalizado", diz.
Quando o plantão telefônico para dúvidas do contribuinte foi inaugurado, em 1977, ela não foi escalada, mas, por uma circunstância qualquer, acabou no atendimento. "Nunca mais saí do Imposto de Renda."
Ela lembra do tempo em que atendia 1.500 pessoas. "Foi num ano em que havia três tipos de poupança. Cada uma com um incentivo diferente."

Novatos
A vocação para ensinar contou muito na carreira de Regina, que é professora e faz palestras em sindicatos e associações. Também treina as novas turmas de concursados.
Ela participou ainda das etapas para a informatização da Receita. "O processo foi lento", lembra. "Só em 96, com o Windows, tudo ficou fácil."
Dentro da Receita, ela brigou com colegas que resistiram à tecnologia. "Pegava-os com a própria declaração em papel debaixo do braço, levava até minha sala e os fazia preencher o formulário na internet. Queriam fazer campanha para conseguir adesão do contribuinte e eu disse: "primeiro tem que fazer a adesão aqui"."
Criar e testar programas e redigir manuais também são funções de Regina. Na semana retrasada, por exemplo, esteve no Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), em Salvador, trabalhando em uma nova versão de software para imposto sobre moeda estrangeira.
Em São Paulo, a profissional trabalha há 16 anos na área de comunicação, onde é assistente técnica do superintendente.
Ela começa a rotina lendo tudo sobre legislação na internet. Depois, atende ou encaminha as solicitações de jornalistas.
Há, ainda, as demandas de gabinete, que vão desde marcar uma entrevista até organizar uma coletiva de imprensa.
"Tenho amor à carreira. Vou trabalhar até os 80", finaliza.


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