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Concursos
Altos salários acirram a concorrência na Receita
A Folha acompanhou a rotina de uma auditora, que inclui treinamento para novos funcionários
FÁTIMA CARDEAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
São R$ 10 mil por mês e oito
horas diárias de trabalho. Basta
ser formado em nível superior.
Para ser um auditor da Receita Federal, no entanto, é preciso passar pelo disputado processo seletivo. Neste ano, por
exemplo, houve um concurso
para preencher mil vagas para
auditor e 800 para técnico. Ao
todo, foram 174 mil inscritos.
A concorrência sempre foi
acirrada. Em um concurso realizado há 30 anos, havia 106 mil
candidatos para 800 vagas.
Uma das candidatas aprovadas
naquela época foi Claire Feliz
Regina, hoje com 78 anos.
Classificada em 51º lugar, Regina começou no prédio da avenida Prestes Maia, no centro de
São Paulo, onde fica a Receita.
A aprovação, contudo, não
lhe permitiu escolher o cargo
no qual gostaria de atuar.
"Meu sonho era trabalhar
com Imposto de Renda. Mas,
ao distribuir as funções, colocaram-me no setor de sorteios e
consórcios, que só tinha um decreto para ser fiscalizado", diz.
Quando o plantão telefônico
para dúvidas do contribuinte
foi inaugurado, em 1977, ela
não foi escalada, mas, por uma
circunstância qualquer, acabou
no atendimento. "Nunca mais
saí do Imposto de Renda."
Ela lembra do tempo em que
atendia 1.500 pessoas. "Foi
num ano em que havia três tipos de poupança. Cada uma
com um incentivo diferente."
Novatos
A vocação para ensinar contou muito na carreira de Regina, que é professora e faz palestras em sindicatos e associações. Também treina as novas
turmas de concursados.
Ela participou ainda das etapas para a informatização da
Receita. "O processo foi lento",
lembra. "Só em 96, com o Windows, tudo ficou fácil."
Dentro da Receita, ela brigou
com colegas que resistiram à
tecnologia. "Pegava-os com a
própria declaração em papel
debaixo do braço, levava até
minha sala e os fazia preencher
o formulário na internet. Queriam fazer campanha para conseguir adesão do contribuinte e
eu disse: "primeiro tem que fazer a adesão aqui"."
Criar e testar programas e redigir manuais também são funções de Regina. Na semana retrasada, por exemplo, esteve no
Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), em Salvador, trabalhando em uma nova versão de software para imposto sobre moeda estrangeira.
Em São Paulo, a profissional
trabalha há 16 anos na área de
comunicação, onde é assistente
técnica do superintendente.
Ela começa a rotina lendo tudo sobre legislação na internet.
Depois, atende ou encaminha
as solicitações de jornalistas.
Há, ainda, as demandas de
gabinete, que vão desde marcar
uma entrevista até organizar
uma coletiva de imprensa.
"Tenho amor à carreira. Vou
trabalhar até os 80", finaliza.
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