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PORTAS ABERTAS
Matrículas triplicam em cinco anos
De 2000 a 2005, universitários deficientes vão de 2.173 a 6.328, mas barreiras persistem
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Reflexo da procura por melhor colocação profissional por
parte de pessoas com deficiência, o número de estudantes
com necessidades especiais
matriculados no ensino superior cresceu 191% de 2000 a
2005 -foi de 2.173 para 6.328.
O crescimento pode sugerir
avanços para a inclusão social,
mas a desigualdade está longe
de ser deixada para trás. Do total de estudantes universitários
com alguma deficiência, 49%
estão concentrados na região
Sudeste do país. Só 4% estão
no Norte -em 2005, havia apenas dois matriculados no Acre.
Os dados são de levantamento feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira).
Para receber esses novos alunos, as instituições de ensino
estão buscando se adaptar
-tanto na estrutura como na
formação do corpo docente.
Desde 2005, por meio do
projeto Incluir, o governo destina verba a universidades federais que pretendam trabalhar a inclusão de deficientes.
Em 2007, R$ 2 milhões foram
investidos em 38 instituições.
O projeto Curupira, do Centro Federal de Educação Tecnológica do Amazonas, foi um
dos escolhidos. Recebeu
R$ 77 mil para oferecer cursos
de libras (língua brasileira de
sinais), comprar equipamentos
adaptados e eliminar barreiras
arquitetônicas, entre outros.
"O aluno que passou no vestibular tem o direito de fazer o
curso", declara Liliane Brito de
Melo, 36, uma das idealizadoras do Curupira. "Nós temos de
criar as condições certas."
A Universidade Federal Fluminense também recebeu verba -R$ 94 mil, para o projeto
Sensibiliza, que visa equipar
grupos de trabalho de inclusão.
"Trabalhamos não só para
garantir a acessibilidade mas
também a inclusão do tema deficiência em nossos cursos",
afirma a responsável pelo projeto da UFF, Luiza da Costa.
Uma das beneficiadas pelo
Sensibiliza é a estudante de
química industrial Vanessa
Ildefonso, 24, que é deficiente
auditiva desde que nasceu.
"Ao entrar na faculdade, confesso que fiquei com medo do
desafio", comenta. "Pensei que
não conseguiria me adaptar."
Como consegue fazer leitura
labial, Ildefonso assiste às aulas
sem intérprete e diz ter as mesmas dificuldades dos colegas.
A exceção é quando o professor é estrangeiro -nesses casos, tranca a matéria para cursá-la em outro semestre.
"Tive um professor que usava bigode, não conseguia entender o que ele falava", conta.
Orientada pela coordenadora
do curso, pediu-lhe que aparasse a barba -e foi atendida.
Obstáculos
Para Robson Pereira, 28, estudante de direito do Centro
Universitário Augusto Motta e
deficiente visual, uma das dificuldades é, além da ausência
de materiais adaptados, a falta
de preparo do corpo docente.
"A única coisa que pode de fato atrapalhar a minha carreira é
a falta de material jurídico em
braile", explica Pereira, que
pretende prestar concurso para
defensor público ao se formar.
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