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SAÚDE CORPORATIVA
Alto nível de ruído leva a estresse e perda de audição
Metalúrgico, professor de ginástica e jornaleiro podem ser prejudicados
MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Diz-se que o ruído é um "inimigo silencioso". Os sintomas
demoram a se manifestar, e a
pessoa não percebe a agressão.
No trabalho, a exposição a altos
níveis de ruído pode levar a diversas conseqüências -do estresse à perda da audição.
Profissionais das áreas metalúrgica, têxtil e de construção
civil estão entre os mais atingidos pela perda auditiva, mas
outros, como professores
de ginástica os garçons, também podem ser afetados.
A extensão do dano depende
da intensidade do ruído, do
tempo de exposição e da sensibilidade de cada pessoa.
Trabalhar com o barulho das
ruas -como jornaleiro, por
exemplo- também é um risco.
"São Paulo está entre as cidades
mais barulhentas do mundo. O
nível de ruído chega a 100 decibéis", diz Arnaldo Guilherme,
otorrinolaringologista da Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo). Ele estima que, na
capital paulista, entre 10% e
15% da população apresente
problemas de audição.
Concentração
Quando não leva à lesão, o
convívio com ruídos no ambiente de trabalho pode acarretar outras conseqüências.
"Tentar concentrar-se com
uma britadeira ao fundo pode
deixar a pessoa nervosa, elevar
a pressão arterial e causar dor
de cabeça", diz Ricardo Bento,
otorrinolaringologista da Faculdade de Medicina da USP.
A perda da audição pode, ainda, prejudicar o convívio social.
"A deficiência auditiva causa
exclusão -às vezes, a pessoa
passa por boba", analisa a fonoaudióloga Fernanda Zucki,
co-autora de "Caminhos para a
Saúde Auditiva" (editora Plexus, 224 págs., R$ 38,30).
Essa é a realidade para o
prensista Jamil Fernandes, 48,
que perdeu parte da audição na
lida com guilhotinas e prensas.
"As pessoas acham que não entendo o que dizem, repetem tudo várias vezes e fazem piadas."
Fernandes também convive
com zumbido nos dois ouvidos.
"De madrugada, com o silêncio,
parece que o zumbido aumenta, e eu durmo pouco", conta.
As leis brasileiras delimitam
tempo de exposição, estabelecem exames audiométricos periódicos e determinam o uso de
protetores. "A legislação é boa,
e as grandes empresas a cumprem porque já pipocaram
ações na Justiça. O problema
está em pequenas firmas que
não têm médico ou engenheiro
para fiscalizar", avalia Bento.
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