São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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SAÚDE CORPORATIVA

Alto nível de ruído leva a estresse e perda de audição

Metalúrgico, professor de ginástica e jornaleiro podem ser prejudicados

MARIANA IWAKURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Diz-se que o ruído é um "inimigo silencioso". Os sintomas demoram a se manifestar, e a pessoa não percebe a agressão. No trabalho, a exposição a altos níveis de ruído pode levar a diversas conseqüências -do estresse à perda da audição.
Profissionais das áreas metalúrgica, têxtil e de construção civil estão entre os mais atingidos pela perda auditiva, mas outros, como professores de ginástica os garçons, também podem ser afetados.
A extensão do dano depende da intensidade do ruído, do tempo de exposição e da sensibilidade de cada pessoa.
Trabalhar com o barulho das ruas -como jornaleiro, por exemplo- também é um risco. "São Paulo está entre as cidades mais barulhentas do mundo. O nível de ruído chega a 100 decibéis", diz Arnaldo Guilherme, otorrinolaringologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Ele estima que, na capital paulista, entre 10% e 15% da população apresente problemas de audição.

Concentração
Quando não leva à lesão, o convívio com ruídos no ambiente de trabalho pode acarretar outras conseqüências. "Tentar concentrar-se com uma britadeira ao fundo pode deixar a pessoa nervosa, elevar a pressão arterial e causar dor de cabeça", diz Ricardo Bento, otorrinolaringologista da Faculdade de Medicina da USP.
A perda da audição pode, ainda, prejudicar o convívio social. "A deficiência auditiva causa exclusão -às vezes, a pessoa passa por boba", analisa a fonoaudióloga Fernanda Zucki, co-autora de "Caminhos para a Saúde Auditiva" (editora Plexus, 224 págs., R$ 38,30).
Essa é a realidade para o prensista Jamil Fernandes, 48, que perdeu parte da audição na lida com guilhotinas e prensas. "As pessoas acham que não entendo o que dizem, repetem tudo várias vezes e fazem piadas."
Fernandes também convive com zumbido nos dois ouvidos. "De madrugada, com o silêncio, parece que o zumbido aumenta, e eu durmo pouco", conta.
As leis brasileiras delimitam tempo de exposição, estabelecem exames audiométricos periódicos e determinam o uso de protetores. "A legislação é boa, e as grandes empresas a cumprem porque já pipocaram ações na Justiça. O problema está em pequenas firmas que não têm médico ou engenheiro para fiscalizar", avalia Bento.


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