São Paulo, domingo, 17 de outubro de 2004

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PÓS & MBA

Programas setorizados agregam saber, mas nem todos se baseiam em gestão empresarial

Escolas abusam da sigla para seduzir alunos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

MBA virou moda. As três letrinhas se reproduziram e pululam nas instituições de ensino brasileiras. Mas a maior parte dos novos cursos não é "puro sangue". O conteúdo mistura gestão com tópicos de searas que vão de agronegócios a qualidade de vida, passando por gerenciamento de shoppings e até design de moda. Em princípio, agregam conhecimento, avaliam especialistas, mas poderiam dispensar a sigla.
Danute Garziulis, da Spencer Stuart, identifica uma "generalização do termo". A denominação "MBA", diz, é usada de forma inapropriada. "Os programas com nível de pós estão sendo lançados no mercado como "MBAs". Há universidades que deram uma repaginada nos cursos para rebatizá-los com a sigla, que tem apelo."
John Schulz, da BBS, também percebe modismo: "As pessoas viram que a sigla é muito popular. Tem curso que se chama "MBA em estilismo". Um curso como esse não prepara a pessoa para fazer nada além de ser estilista. Não é que seja ruim, mas não forma mestres em "business'", distingue.
Embora não descarte de imediato currículos que listem "MBAs em", Danute Garziulis revela certa reserva. "MBA bem-feito não precisa ser direcionado."
Os "masters" de gestão com foco setorial atendem à necessidade decorrente do aumento da concorrência e da conseqüente exigência de especialização, analisa Paulo Lemos, da FGV. "A tendência é a especialização. Há uma massa de pessoas que já fizeram gestão empresarial e vão para um MBA segmentado, que é válido, apesar do escopo limitado", defende. "Gestão de hospitais, por exemplo, é algo complexo. O curso tem base de gestão empresarial e um terço do conteúdo dedicado ao segmento."
Jorge Antunes, 48, diretor da franquia Mundo Verde, optou por outro nicho. "Estou estudando a evolução do terceiro setor no Brasil, [ ] a economia desse segmento", conta ele, que faz MBA em responsabilidade social na UFRJ.

Público e qualidade
Pedro Carvalho de Mello, da FGV, lembra que o público, formado por executivos, é "muito seleto e altamente demandante" quando a questão é a qualidade dos cursos. A exigência dos alunos, avalia, determinará o sucesso ou o fracasso das novidades.
Danute Garziulis também diz que o executivo brasileiro é informado, atento e curioso. "As escolas estão competindo por eles e isso deve regular o nível dos cursos." Ela entende que a escolha do programa se faz pelo sentido que o profissional pretende imprimir à carreira. (JG)


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