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O CAMINHO DO EMPREGO
Menos de 2% dos deficientes tem 12 ou mais anos de estudo
Falta de qualificação é apontada pelas companhias como o principal obstáculo à inserção profissional
DA REPORTAGEM LOCAL
Formada em psicologia e
cursando pós-graduação, Priscila Branca Neves, 25, trabalha
na Serasa há um ano e meio, na
área de cidadania empresarial.
É o segundo emprego dela, que,
antes, havia trabalhado por três
meses em telemarketing.
Neves é uma exceção em
meio ao perfil das pessoas com
deficiência no Brasil: dos 24,6
milhões de deficientes, 1,55%
tem 12 anos de estudo ou mais
-a maioria acima dos 60 anos.
Por isso inclusão e aumento
de qualificação profissional devem caminhar de mãos dadas.
Devido à falta de preparo dos
deficientes, a curto prazo, é
pouco provável que as 518 mil
vagas que deveriam ser ocupadas por eles em médias e grandes firmas sejam preenchidas.
"O mercado tem uma grande
dificuldade em encontrar [trabalhadores com deficiência].
As grandes empresas têm feito
o possível para recrutar pessoas que se encaixem em sua
atividade-fim", diz o advogado
Sólon Cunha, do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice.
"Oferta existe. Mas é difícil encontrar pessoas qualificadas,
ainda mais no interior", afirma.
Segundo levantamento feito
pela consultoria i-social com
base no Censo 2000, do IBGE
(Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), hoje, a relação é de 2,3 vagas no
mercado de trabalho por pessoa com deficiência, se levados
em conta dois critérios de seleção: idade e escolaridade. Nesse
universo, eles formam, ao todo,
cerca de 228 mil pessoas com
oito anos de estudo ou mais e
idade entre 20 e 34 anos.
Qualificação
Para atender a uma demanda
muito maior do que a vista há
dois anos, associações e instituições privadas sem fins lucrativos assumem parte da responsabilidade pela qualificação
de deficientes como forma de
unir empresas e trabalhadores.
Na Laramara, centro de
referência na qualificação de
pessoas com deficiência visual,
433 dos 700 trabalhadores
encaminhados neste ano para
entrevistas em companhias
foram admitidos.
"O enfoque dos nossos cursos é educacional. Eles vêm em
busca de softwares de voz e de
aceitação. Às vezes, é um profissional com muita habilidade
para o mercado de trabalho,
mas sem autonomia [para se locomover]", diz Érica Cristina
Silva, da coordenação de cursos
de capacitação. Em média, relata, os alunos têm 30 anos, ensino médio completo e experiência no currículo.
Parceria
"Estamos um tanto quanto
longe de atingir a cota", aponta
Daniel Battistini, chefe de departamento pessoal da Accor.
"Como a DRT atua hoje mais
fortemente, o deficiente ficou
supervalorizado no mercado
de trabalho e há escassez de
profissionais", salienta.
A forma encontrada pela empresa para se adequar à lei foi
tornar-se parceira de ONGs em
todos os Estados em que está
presente. "No começo do programa, há um ano e meio, inserimos deficientes auditivos na
cozinha, que era a experiência
que tínhamos. Hoje, temos profissionais com deficiência em
diversas áreas", destaca.
"Agora, antes de abrir uma
nova unidade, já pensamos na
inclusão. Ao menos estamos
em um "filão" de mercado: conseguimos contratar pessoas
com menos qualificação."
(AR)
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