São Paulo, domingo, 20 de agosto de 2006

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Mercado se aquece, e profissão de piloto começa a decolar

Com perspectivas promissoras, procura de alunos cresce 667%

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os atentados de 2001 nos EUA, somados à crise da Varig, turvaram a imagem da aviação no Brasil. Mas a carreira já recupera o fôlego, sustentado pela falta de profissionais com prática e pelo crescimento do transporte em helicópteros.
A falta de mão-de-obra especializada é nítida: segundo o Ministério da Educação, em 2001, apenas 36 pessoas concluíram o curso de ciências aeronáuticas. Contudo, com as perspectivas de aquecimento do mercado de trabalho, em 2004, esse número saltou para 276 -um acréscimo de 667%.
"Estamos otimistas. A indústria da aviação civil cresceu 16% em 2004 e 19% em 2005", comemora Hildebrando Hoffmann, vice-diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS. Para ele, logo as firmas "implorarão" por pilotos.
A opinião é compartilhada pela entidade que representa a categoria. "Teremos de importá-los", diz George Sucupira, presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Avião.
O coordenador do curso de aviação civil da universidade Anhembi Morumbi, Edson Gaspar, estima que isso acontecerá em cerca de cinco anos. "O mercado está em acomodação. Os demitidos da Varig serão absorvidos. Faltará piloto", diz.
Segundo ele, "houve também um "boom" na frota paulistana de helicópteros": "Hoje, ela é a segunda maior do mundo", afirma Gaspar, que também é diretor da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero.
Quem se interessa pela área, no entanto, terá de investir valores consideráveis -a hora de vôo fica entre R$ 180 e R$ 700- e diferenciar-se por meio de especialização nos poucos cursos de nível superior no país, já que o diploma não é obrigatório.
Para ingressar no curso da PUC, por exemplo, que forma pilotos comerciais de avião e helicóptero, o candidato precisa, além de passar no vestibular, comprovar que tem no mínimo 25 horas de vôo e curso de piloto privado. Em São Paulo, a Anhembi Morumbi oferece graduação em aviação civil, mas a habilitação é apenas para trabalho administrativo.

Passo a passo
A carreira de quem aposta na área é em forma de escada. Com um mínimo de 35 horas de vôo, torna-se piloto privado de avião ou helicóptero (voa por motivos particulares). Com 120 horas, vira piloto comercial (transporta passageiros e cargas, em vôos durante o dia e com clima favorável).
O terceiro degrau, que exige outras 20 ou 25 horas, é a função de piloto comercial para vôos por instrumentos (sem restrições de horário ou clima).
Já para operar avião ou helicóptero multimotor, é preciso experiência de 160 horas. As companhias aéreas exigem ainda mais: a licença de PLA teórico (co-piloto) requer 1.500 horas, e a de comandante, 3.000.


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