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Mercado se aquece, e profissão de piloto começa a decolar
Com perspectivas promissoras, procura de alunos cresce 667%
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os atentados de 2001 nos
EUA, somados à crise da Varig,
turvaram a imagem da aviação
no Brasil. Mas a carreira já recupera o fôlego, sustentado pela falta de profissionais com
prática e pelo crescimento do
transporte em helicópteros.
A falta de mão-de-obra especializada é nítida: segundo o
Ministério da Educação, em
2001, apenas 36 pessoas concluíram o curso de ciências aeronáuticas. Contudo, com as
perspectivas de aquecimento
do mercado de trabalho, em
2004, esse número saltou para
276 -um acréscimo de 667%.
"Estamos otimistas. A indústria da aviação civil cresceu 16%
em 2004 e 19% em 2005", comemora Hildebrando Hoffmann, vice-diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da
PUC-RS. Para ele, logo as firmas "implorarão" por pilotos.
A opinião é compartilhada
pela entidade que representa a
categoria. "Teremos de importá-los", diz George Sucupira,
presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Avião.
O coordenador do curso de
aviação civil da universidade
Anhembi Morumbi, Edson
Gaspar, estima que isso acontecerá em cerca de cinco anos. "O
mercado está em acomodação.
Os demitidos da Varig serão absorvidos. Faltará piloto", diz.
Segundo ele, "houve também
um "boom" na frota paulistana
de helicópteros": "Hoje, ela é a
segunda maior do mundo",
afirma Gaspar, que também é
diretor da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero.
Quem se interessa pela área,
no entanto, terá de investir valores consideráveis -a hora de
vôo fica entre R$ 180 e R$ 700-
e diferenciar-se por meio de especialização nos poucos cursos
de nível superior no país, já que
o diploma não é obrigatório.
Para ingressar no curso da
PUC, por exemplo, que forma
pilotos comerciais de avião e
helicóptero, o candidato precisa, além de passar no vestibular, comprovar que tem no mínimo 25 horas de vôo e curso de
piloto privado. Em São Paulo, a
Anhembi Morumbi oferece
graduação em aviação civil,
mas a habilitação é apenas para
trabalho administrativo.
Passo a passo
A carreira de quem aposta na
área é em forma de escada.
Com um mínimo de 35 horas
de vôo, torna-se piloto privado
de avião ou helicóptero (voa
por motivos particulares).
Com 120 horas, vira piloto comercial (transporta passageiros e cargas, em vôos durante o
dia e com clima favorável).
O terceiro degrau, que exige
outras 20 ou 25 horas, é a função de piloto comercial para
vôos por instrumentos (sem
restrições de horário ou clima).
Já para operar avião ou helicóptero multimotor, é preciso
experiência de 160 horas. As
companhias aéreas exigem ainda mais: a licença de PLA teórico (co-piloto) requer 1.500 horas, e a de comandante, 3.000.
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