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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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Maior queixa de gestores é arrogância de quem supera fase de seleção a trainee

Carreira perde se sucesso sobe à cabeça

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O sucesso profissional é o grande objeto de desejo dos trainees. Por isso programas considerados de ponta -como os de AmBev, Alcoa, Johnson, Natura e Unilever- são enormes chamarizes. Na visão desses profissionais, empresas sólidas oferecem grandes oportunidades de carreira.
O perigo de quem passa em um processo de seleção com esse peso, no entanto, é deixar o sucesso subir à cabeça e colocar tudo a perder. "Nada contra ser arrojado quando tiver de ser, mas é preciso aprender primeiro", aconselha Denys Monteiro, vice-presidente da consultoria Fesa.
"Não é porque passou em um concurso com 12 mil concorrentes que você é o máximo. A partir dali, tem de começar do zero", concorda Júlia Alonso, sócia da Passareli Talentos. Segundo ela, as maiores reclamações dos gestores são a respeito da arrogância de alguns trainees. "É preciso colocar a cabeça no lugar."
Daniela Martins de Souza, 22, parece ter absorvido a idéia. Egressa do estágio da Comissão de Valores Mobiliários, entrou neste ano no programa da Alcoa. A experiência anterior, no entanto, não fez com que ela deixasse de encarar a nova situação como um desafio. "No começo é sempre difícil. É preciso chegar com humildade e com vontade de aprender. No primeiro mês, somos como uma esponja: precisamos absorver tudo", afirma ela.
No início da década de 90, a grande fascinação era causada pelas empresas do mercado de consumo, com programas de trainee bem estruturados e de grande apelo. "De lá para cá, o mercado financeiro tomou o lugar na preferência dos novatos", analisa Glaucy Bocci, da William Mercer.

A marca do currículo
Quem tem na bagagem a participação em um programa de trainee de uma grande empresa ganha pontos no currículo, mas não deve pensar que já está garantido para o resto da vida profissional.
"O mercado inteiro sabe o quanto é difícil entrar em um programa de trainee. Isso pode abrir algumas portas, mas não é garantia de contratação", lembra Sofia do Amaral, da Cia. de Talentos.
O programa pode até ser um diferencial no currículo, mas o tiro também pode sair pela culatra, na opinião de Roberto Santos, da Ateliê Desenvolvimento Humano e Organizacional. "Eu me perguntaria por que a pessoa não foi aproveitada na empresa em que fez o programa", diz. "Estagiário que sai daqui consegue logo uma recolocação. O nome da marca pesa no currículo", pondera a coordenadora de estágio da Alcoa, Elisangela Martins. (RGV)


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