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HORA CERTA
Centrais de emprego registram oportunidades em alta e concorrência menor em janeiro
Começo de ano joga a favor de candidatos
BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Mais de 15 mil postos de trabalho esperam por pretendentes nas
centrais de vagas de São Paulo.
São colocações para todos os perfis profissionais -inclusive para
quem tem nível superior-, abertas para preenchimento imediato.
A boa notícia é que não é necessário pagar nada para "cortejar"
as vagas reunidas nesses postos de
atendimento. Informação já não
tão agradável é a de que é preciso
se encaixar exatamente no perfil
exigido para conquistar o coração
do empregador, o que não é fácil.
Como verdadeiras agências matrimoniais, as centrais de vagas
-cadastros de oportunidades de
trabalho gratuitos para candidatos a empregados e para empregadores- cruzam dados de empresas e de profissionais para tentar formar "pares perfeitos".
Antes de ouvir o "sim" do empregador, porém, o candidato enfrenta diversas provações: acorda
cedo, disputa senhas, espera de pé
em filas e encara entrevistas.
O mês de janeiro, muitas vezes
tido como "morto" por quem
procura emprego, pode facilitar
esse caminho, já que o número de
vagas ainda é alto (em alguns balcões, superior às médias registradas nos meses de março e abril), e
a procura diminui um pouco.
No entanto, o tempo médio de
espera para fazer um cadastro fica
em torno de duas horas e meia,
mesmo nesta época do ano.
Canal alternativo
Em geral, as vagas dos cadastros
das centrais são exclusivas e só podem ser
encontradas enfrentando filas.
As entidades costumam firmar
acordos com as empresas contratantes para que não utilizem outros meios de recrutamento para
as posições oferecidas no serviço.
Segundo especialistas em recursos humanos, exatamente por
reunirem oportunidades que
nem sempre chegam aos anúncios de jornais ou às agências de
recrutamento, as centrais funcionam como um canal alternativo e
não devem ser esquecidas por
quem está desempregado.
O Centro de Solidariedade ao
Trabalhador, mantido pela Força
Sindical, por exemplo, afirma que
empresas que preenchem as colocações de outra maneira são excluídas do cadastro. O mesmo
ocorre com quem oferece vagas
que ainda não existem (como nos
casos em que o empregador depende de sucesso em licitação para contratar) ou para abastecimento de bancos de currículos.
"A vaga precisa existir de verdade", afirma Paulo Muniz, gerente
do centro. "É o que esperamos em
troca de um serviço gratuito."
No Balcão de Empregos, da Sert
(Secretaria de Estado do Emprego
e Relações do Trabalho), o controle é semelhante, diz o órgão.
"Fazemos auditoria no prazo de
sete dias depois de encaminhar
[os profissionais]. A empresa que
disponibiliza vagas que não existem é desvinculada. O nome [da
firma] fica em uma "lista negra'",
revela Paulo Pequeno, responsável pela captação de vagas.
Cinco por vaga
As centrais já foram utilizadas
como ferramenta de recrutamento por grandes e pequenos empregadores -entre eles, os supermercados Extra e Pão de Açúcar,
a rede de franquias Habib's e mesmo a sofisticada butique Daslu.
A estratégia, segundo as centrais, também é uma maneira de
evitar fenômenos como o ocorrido nas inscrições do concurso público para a vaga de gari no Rio de
Janeiro, em julho do ano passado.
Em vez de anunciar em grandes
veículos de comunicação ou de
colocar faixas convocatórias nas
ruas da cidade, a aposta no cadastro, além de não trazer ônus, limita a quantidade de candidatos.
Nas centrais, o número de profissionais encaminhados não passa de cinco por vaga -em algumas delas, somente três pessoas
disputam cada colocação.
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