São Paulo, domingo, 25 de janeiro de 2004

Próximo Texto | Índice

HORA CERTA

Centrais de emprego registram oportunidades em alta e concorrência menor em janeiro

Começo de ano joga a favor de candidatos

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Mais de 15 mil postos de trabalho esperam por pretendentes nas centrais de vagas de São Paulo. São colocações para todos os perfis profissionais -inclusive para quem tem nível superior-, abertas para preenchimento imediato.
A boa notícia é que não é necessário pagar nada para "cortejar" as vagas reunidas nesses postos de atendimento. Informação já não tão agradável é a de que é preciso se encaixar exatamente no perfil exigido para conquistar o coração do empregador, o que não é fácil.
Como verdadeiras agências matrimoniais, as centrais de vagas -cadastros de oportunidades de trabalho gratuitos para candidatos a empregados e para empregadores- cruzam dados de empresas e de profissionais para tentar formar "pares perfeitos".
Antes de ouvir o "sim" do empregador, porém, o candidato enfrenta diversas provações: acorda cedo, disputa senhas, espera de pé em filas e encara entrevistas.
O mês de janeiro, muitas vezes tido como "morto" por quem procura emprego, pode facilitar esse caminho, já que o número de vagas ainda é alto (em alguns balcões, superior às médias registradas nos meses de março e abril), e a procura diminui um pouco.
No entanto, o tempo médio de espera para fazer um cadastro fica em torno de duas horas e meia, mesmo nesta época do ano.

Canal alternativo
Em geral, as vagas dos cadastros das centrais são exclusivas e só podem ser encontradas enfrentando filas.
As entidades costumam firmar acordos com as empresas contratantes para que não utilizem outros meios de recrutamento para as posições oferecidas no serviço.
Segundo especialistas em recursos humanos, exatamente por reunirem oportunidades que nem sempre chegam aos anúncios de jornais ou às agências de recrutamento, as centrais funcionam como um canal alternativo e não devem ser esquecidas por quem está desempregado.
O Centro de Solidariedade ao Trabalhador, mantido pela Força Sindical, por exemplo, afirma que empresas que preenchem as colocações de outra maneira são excluídas do cadastro. O mesmo ocorre com quem oferece vagas que ainda não existem (como nos casos em que o empregador depende de sucesso em licitação para contratar) ou para abastecimento de bancos de currículos.
"A vaga precisa existir de verdade", afirma Paulo Muniz, gerente do centro. "É o que esperamos em troca de um serviço gratuito."
No Balcão de Empregos, da Sert (Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho), o controle é semelhante, diz o órgão. "Fazemos auditoria no prazo de sete dias depois de encaminhar [os profissionais]. A empresa que disponibiliza vagas que não existem é desvinculada. O nome [da firma] fica em uma "lista negra'", revela Paulo Pequeno, responsável pela captação de vagas.

Cinco por vaga
As centrais já foram utilizadas como ferramenta de recrutamento por grandes e pequenos empregadores -entre eles, os supermercados Extra e Pão de Açúcar, a rede de franquias Habib's e mesmo a sofisticada butique Daslu.
A estratégia, segundo as centrais, também é uma maneira de evitar fenômenos como o ocorrido nas inscrições do concurso público para a vaga de gari no Rio de Janeiro, em julho do ano passado.
Em vez de anunciar em grandes veículos de comunicação ou de colocar faixas convocatórias nas ruas da cidade, a aposta no cadastro, além de não trazer ônus, limita a quantidade de candidatos.
Nas centrais, o número de profissionais encaminhados não passa de cinco por vaga -em algumas delas, somente três pessoas disputam cada colocação.



Próximo Texto: Falta de qualificação elimina 87%
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.