São Paulo, domingo, 25 de abril de 2004

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Evitar o deslumbramento, ser humilde e aprender a delegar tarefas são alguns dos requisitos

Sensibilidade e segurança garantem "reinado"

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O chefe morreu. No lugar dele, as empresas querem um líder. E os consultores insistem: não se trata de questão meramente terminológica. Liderar é algo bem diferente da chefia tradicional.
"Muitos assumem sem liderança nenhuma. Isso é o mesmo que pedir para as pessoas [da equipe] trabalharem contra a chefia", avisa Silvana Case, vice-presidente-executiva do Grupo Catho.
Segundo ela, o chefe tradicional é cada vez menos tolerado pelo mercado. "As empresas precisam de resultados e, sem um clima saudável, isso não é atingido. Quem deixa o cargo subir à cabeça e acha que é melhor do que os outros perde logo a majestade. O mais importante é ser humilde."
Para Gilberto Guimarães, diretor do grupo BPI, ainda há empresas que não se modernizaram, mas a mudança é inevitável. "Liderar é também uma especialidade. O líder é o maestro de uma orquestra em que cada um é melhor do que ele naquilo que faz."
Para os especialistas, a chefia tradicional -inspirada no modelo militar (em que o superior não admite ser contrariado, seguindo o espírito "manda quem pode") e no religioso (em que o pressuposto é o de que o superior é sempre mais sábio, obedecendo ao princípio da infalibilidade papal)- deu lugar a um perfil integrador, motivador, estrategista e orientador de desempenho.
"É alguém que não passa ordens, mas influencia as pessoas com sua visão do que tem de ser feito", afirma Guimarães.
Uma boa maneira de agir é acostumar-se a fazer perguntas e a usar a sensibilidade, sempre demonstrando segurança, aponta a consultora Luciana Machado, da AG5. "Permita-se perguntar, obter informações e conhecer dados sem prejulgamentos", sugere.

Delegar é preciso
Quando o assunto é liderança, a palavra centralizar é proibida. Mas o conselho nem sempre é fácil de ser colocado em prática.
Rogério da Silva Marcondes, 35, hoje gerente comercial da Vitrotec Vidros de Segurança, conta que foi duro aprender a delegar tarefas. "Tive de aprender com o tempo. No começo, eu era o catalisador de tudo e me pegava trabalhando até as 22h, enquanto meus funcionários iam embora às 19h. Eles se sentiam menos envolvidos, sem estímulo", lembra.
Ele revela que, quando se deu conta do problema, quis reverter a situação, mas não teve sucesso. Foi preciso trocar de emprego e assumir uma equipe nova para agir corretamente desde o início.
"Delegar é perder um pouco o controle. É dizer "quero isso resolvido" e respeitar o "como fazer", que é a escolha de cada um. Com responsabilidades, as pessoas compram a briga e cuidam do problema como se fosse delas."


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